Investigação

Policiais civis são alvo de operação do Gaeco por terem extorquido vendedor de remédios abortivos

Dois policiais civis suspeitos de concussão (crime de extorsão praticado por servidor público), investigados pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público do Paraná (MP-PR), foram alvos de uma operação na manhã desta segunda-feira (5), em Curitiba. Junto com um homem, eles teriam simulado a compra de remédios abortivos e cobraram valores da pessoa para que não fosse presa.

Pelo menos cinco mandados de busca e apreensão foram cumpridos em quatro casas e também em um lava-car. Todos os alvos da ação ficam na capital e a delegacia em que os dois policiais trabalham também. Os policiais, pelo menos nesta fase das investigações, não foram presos.

Conforme o procurador de Justiça e coordenador estadual do Gaeco, Leonir Batisti, a ação foi deflagrada a partir de uma denúncia de que os três homens atraíram uma vítima para uma situação de suposto flagrante. “Eles criaram uma rede social falsa, foram até uma pessoa que vendia produtos de origem duvidosa ou ilegal e pediram um remédio abortivo, combinando um dia e ponto de entrega”, contou.

No momento em que a pessoa entregaria o remédio, os policiais e o comparsa exigiram dessa pessoa o valor de R$ 5,5 mil e um celular. “Eles disseram que, caso essa pessoa não pagasse o valor pedido, seria presa em flagrante”.

Dias depois, os policiais teriam exigido mais uma quantia em dinheiro, aproximadamente R$ 7 mil, para que a prisão não acontecesse. “Pegaram o dinheiro e queriam mais dinheiro. Basicamente, uma forma de extorsão criada a partir de uma tentativa artificial de comprar algo ilícito, induzindo alguém a cometer crime”, explicou.

O Gaeco não informou a qual delegacia os policiais pertencem. O homem que ajudou a dupla é uma pessoa de confiança, conhecida como “bate pau”. “Aquele tipo de gente que atua dentro das delegacias como se fosse policial, mas não é”, explicou o procurador de Justiça.

Conforme o coordenador do Gaeco, as investigações continuam para confirmar as suspeitas que foram levantadas através da denúncia e descobrir outros detalhes sobre o crime. “Inclusive de onde eram estes remédios, por exemplo. Vamos verificar todas as situações, inclusive da vítima, que envolveram a ação em si”.