Dois policiais militares foram ouvidos na Delegacia de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, na tarde de domingo (8), para esclarecer uma ação protagonizada por eles em um restaurante da cidade, que terminou com dois menores baleados. Um dos adolescentes, de 16 anos, foi atingido por vários disparos e continua internado em estado grave no Hospital Cajuru, em Curitiba. O outro, de 17 anos, foi atingido por um disparo nas costas, mas já recebeu alta do hospital e no domingo foi para a delegacia, junto com familiares, para prestar depoimento à Polícia Civil.

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A dupla de PMs estava de folga e jantava no restaurante, na noite de sábado (7), quando os dois jovens chegaram em um carro vermelho. Um deles desceu e se aproximou do balcão do estabelecimento. Segundo a versão dos policiais, o menor teria anunciado um assalto e parecia estar armado. Então, um dos soldados atirou várias vezes contra o adolescente.

Segundo o pai do garoto, foram cinco tiros. O outro menor, que estava no carro, tentou correr e foi baleado por um disparo, sendo amparado por um casal de amigos que o levou ao hospital. O menor que levou mais tiros ficou caído no restaurante e depois foi socorrido por uma ambulância acionada pelos soldados.

Armas

Os policiais entregaram as pistolas à corporação para perícia. Um deles disse não saber quantos tiros havia disparado e o outro afirmou ter efetuado apenas um. A pistola do primeiro estava com sete munições intactas e a do colega com 14. Os dois policiais fizeram teste do bafômetro e ficou comprovado que não estavam sobre efeito de álcool.

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Junto ao menor ferido com mais gravidade não foi encontrada qualquer arma. O outro jovem disse que também não estava armado. Os PMs justificaram a ação violenta dizendo que um dos suspeitos fez menção de estar armado, por isso, eles “deflagraram os disparos de arma de fogo para conter uma possível injusta agressão”, como informa um boletim de ocorrência registrado pela PM.

Depois de prestar depoimento na delegacia, os policiais foram liberados. O menor, de 17 anos, também foi para casa, junto com os pais e o advogado, após a conversa com o delegado. O veículo usado pelos menores ficou apreendido na delegacia. O tiro que acertou o adolescente atravessou a lataria e o banco do motorista.

Revolta

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Nas redes sociais, familiares e amigos dos dois menores fizeram diversas postagens, revoltados com a ação dos policiais. “Um menino de 16 anos levou cinco tiros pelas costas sem nem saber por que estava recebendo os tiros. Só porque estava com capuz, isso não é motivo, ou porque é moreno, também não é motivo”, publicou o pai do menor que está em estado grave. “Filho amado, Deus não irá nos abandonar nesse momento tão difícil, quero muito você em casa com tua família”, escreveu a mãe do garoto.

O garoto seria membro da Guarda Mirim de Curitiba. Na página de um grupo religioso foi postada a seguinte mensagem: “Peço oração a um aluno da Guarda Mirim. Nessa noite aconteceu uma tragédia, o aluno foi baleado injustamente, a família está em desespero e ele está entre a vida e a morte”.

Tribuna do Paraná procurou a Polícia Militar (PM), que só se posicionou no fim da manhã. Segundo a corporação, um procedimento interno deve ser aberto para apurar o caso.

Veja a nota da PM:

A Polícia Militar do Paraná informa que sobre o caso ocorrido em Piraquara em 07/04/18, envolvendo dois adolescentes, um procedimento foi aberto e o oficial encarregado vai apurar com imparcialidade e rigor todos os fatos, independente de qualquer outra investigação paralela. A corporação não compactua com desvios de conduta de seus integrantes e caso haja comprovações, para qualquer situação, os envolvidos serão responsabilizados.