Carro 'peneirado'

Polícia prende universitário suspeito de participar de emboscada no Boqueirão

Ranow Felipe Lara Simões tem 23 anos, estudava Engenharia Civil, e trabalhava como motorista do Uber. Ele foi preso suspeito de envolvimento no assassinato de Adriano Alves Gouveia, também de 23 anos, em agosto deste ano. Além do rapaz, que teria dirigido para os dois autores, um adolescente foi apreendido e o outro suspeito, Marcos Antônio Ferreira da Silva Junior, 20, foi morto em São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba (RMC).

No dia do crime, a ação foi registrada por câmeras de segurança e imediatamente a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) começou a investigar. Adriano seguia de carro pela Rua das Carmelitas, no Boqueirão, e sofreu emboscada quando parou no semáforo do cruzamento com a Rua José Hauer.

“Do Sandero que Ranow dirigia, desceram o adolescente e Marcos, que atiraram várias vezes, voltaram para o carro e fugiram”, explicou o delegado Cássio Conceição. O rapaz foi atingido por quatro disparos e não resistiu sequer até a chegada do Siate.

Declaração falsa

Logo depois do crime, Ranow foi até a delegacia e tentou registrar um boletim de ocorrência do suposto sequestro que sofreu, mas não convenceu os policiais. “Ele disse que era motorista do aplicativo e que teria sido obrigado a levar os dois autores ao local, mas que tinha sido sequestrado. Acontece que as investigações partiram para outro caminho e ficou evidente que a história que ele contou não procedia”, disse.

Conforme apurou a Tribuna do Paraná, na tentativa de induzir a polícia ao erro, o rapaz teria feito até um retrato falado dos autores do crime, mas o documento foi arquivado porque os policiais suspeitaram do que tinha sido dito por Ranow. O delegado explicou que os investigadores conseguiram elementos diferentes da história que ele tinha contado e, por isso, tiveram a certeza de que ele tenha participado do crime. “Com livre e espontânea vontade. Levou os atiradores ao local e teve efetiva participação no homicídio”.

Em continuidade às investigações, os policiais perceberam que Ranow teria entrado em contradição entre o que disse e o que de fato aconteceu no dia do assassinato. “O trajeto informado por ele não era equivalente ao que apuramos no decorrer das investigações, por exemplo”, detalhou o delegado.

Drogas motivaram

O assassinato em si foi motivado por uma briga relacionada ao tráfico de drogas. “Eles têm uma briga entre eles, retaliação. Um mata um, o outro vai e mata o outro e sempre por disputa por tráfico de drogas”, explicou Cássio Conceição.

Ranow foi preso na semana passada, no bairro Vila Fany, em Curitiba. Além dele, o adolescente, de 17 anos, que teria atirado, foi apreendido em casa, no bairro Parolin, com o apoio da Delegacia do Adolescente.

Além da dupla, Marcos, que teria atirado contra Adriano junto com o adolescente, foi morto. O crime aconteceu três dias após o assassinato do rapaz, na Rua Padre Alberto Müller, bairro de Cidade Jardim, em São José dos Pinhais (RMC). “Acreditamos que tenha sido represália pelo assassinato, mas agora cabe à Polícia Civil da cidade finalizar as investigações com base no que já apuramos”, comentou o delegado, que deve encaminhar a cópia dos autos para os investigadores de lá, que já têm suspeitos da morte de Marcos também.

Ranow vai responder por participar do crime, enquanto o adolescente responde pelo ato infracional. Sobre a prisão do motorista do Uber, as pessoas não podem generalizar. “É um caso individual e cada pessoa trabalha de uma forma”, alertou. O rapaz, aliás, não tinha nenhuma passagem pelo sistema penitenciário, mas o delegado disse que a polícia suspeita de envolvimento em outras ações criminosas. “Nossas investigações apontam que ele atuava como motorista para bandidos em assaltos a lojas há alguns meses”.

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Vídeo mostra o momento do crime: