Grande Curitiba

PMs que atiraram em adolescentes desarmados respondem por tentativa de homícidio

Foto: Ilustração/Arquivo.
Foto ilustrativa: Ilustração/Arquivo.

Os policiais militares Michel Machado de Souza e Rodrigo Biss da Silva estão, desde o início de junho, respondendo a uma ação penal de tentativa de homicídio contra os jovens Tharig Jhuan Bueno, 17 anos, e Maicon Bruno Pereira, 18 anos. Em abril do ano passado, no município de Piraquara, na região metropolitana de Curitiba, os rapazes foram baleados pelos policiais, que alegaram ter reagido a uma tentativa de assalto praticada pelos jovens. Tharig e Maicon, que sobreviveram aos tiros (um deles está paraplégico), negam o roubo.

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A ação penal ainda está bem no início e, pode ou não, levar os policiais a júri popular. Tudo vai depender de como eles vão apresentar a sua defesa no processo. O crime ocorreu na noite do dia 7 de abril de 2018, numa casa de carnes de Piraquara. Na época, os policiais relataram no boletim de ocorrência que jantavam no local, quando Tharig entrou, foi em direção ao balcão e deu voz de assalto. Os policiais afirma que deram voz de abordagem, mas o jovem fez menção de estar armado. Por isto, os policiais reagiram a tiros. Um dos policiais estava de licença da PM, para assumir um cargo executivo na prefeitura de Piraquara (Superintendência de Trânsito).

Tharig levou sete tiros. Um deles atingiu a coluna e, depois de meses internado, ficou paraplégico. Maicon estava no carro, aguardando o amigo, e levou um tiro na lombar, que por um centímetro não acertou a coluna e não o deixou paraplégico também. Maicon ligou o carro e foi embora.

Não era assalto

Depois que conseguiram se recuperar, os dois jovens prestaram depoimento na delegacia de Piraquara, na presença de seus advogados, Ryan Antunes de Sá e Airton Adonsk Júnior. Conforme os garotos relataram à polícia, eles e mais alguns amigos pretendiam fazer um churrasco. Mas como estava tarde da noite, os dois meninos foram atrás de algum lugar que ainda estivesse aberto para comprar carne. E encontraram este comércio, onde os policiais jantavam.

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Tharig disse em depoimento que ele e o amigo não estavam armados e que em momento nenhum deu voz de assalto. Acredita que foi baleado porque o policial confundiu o celular que ele tirou do bolso com uma arma. Tharig levou sete tiros e ainda afirmou, em depoimento, que depois que já estava deitado no chão, ferido, um dos policiais ainda apontou uma arma à cabeça dele e disse que ia matá-lo. Só não consumou a promessa porque o outro policial pediu que o parceiro parasse.

Mas pode ter sido legítima defesa dos PMs?

“A legítima defesa é feita quando a pessoa tem que repelir alguma injusta agressão. Mas nesse caso, não se tratou de legítima defesa dos policiais. Se realmente os garotos tivessem dado voz de assalto e tivessem começado a atirar, seria sim legítima defesa. Mas não houve injusta agressão porque sequer os meninos estavam armados. E mesmo que fosse uma situação de assalto, precisava tantos tiros? Um ou dois, no máximo três para neutralizar o assaltante seriam suficientes. Os policiais responderiam por uma lesão corporal. Mas o Tharig levou sete tiros. Não tem cabimento arguir legítima defesa, pois não foi uma ação que partiu dos garotos. Foram os policiais que agiram por algum impulso. É um excesso que deixou o rapaz paraplégico, que o fará depender das outras pessoas para o resto da via”, explicou o advogado Ryan.

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