Bárbaro

“Por um lado é um alívio, mas a gente precisa ver justiça”, diz pai de Rachel Genofre

Prestes a completar 11 anos, o caso da misteriosa morte da menina Rachel Genofre, encontrada em uma mala na Rodoviária de Curitiba, em 2008, quando tinha 9 anos, foi solucionado. Carlos Eduardo dos Santos, 54 anos, foi apontado como o autor do crime, segundo informações da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp).

Um trabalho de integração entre Paraná, São Paulo e Brasília permitiu a comparação genética entre no material coletado na cena do crime e o do autor, que já cumpre uma pena de 22 anos desde 5 de julho de 2016, em Sorocaba, no interior de São Paulo, acusado de outros quatro crimes de estupro, roubo, estelionato e falsidade ideológica. A Sesp diz que solicitará para a vara de justiça de São Paulo a transferência do acusado para Curitiba, pedindo agilidade devido à repercussão do caso. O objetivo é obter respostas sobre como o crime ocorreu de fato.

Segundo a Sesp, a análise do material genético teve 100% de compatibilidade. A amostra positiva apareceu no sistema do banco nacional de DNA na última quarta-feira (18), mas só foi divulgada na quinta-feira (19). O banco é alimentado por material genético coletado de suspeitos de crimes hediondos. “Pode ter certeza de que o caso está encerrado. Todos os 23 caracteres de comparação genética foram compatíveis. Para se ter ideia, com 13 caracteres já seria possível determinar que foi ele”, destacou Riad Braga Farhat, delegado geral adjunto da Polícia Civil. “Vamos pedir a transferência dele para obter as respostas que faltam sobre o crime”, disse o delegado. “Nós pedimos desculpas à família da Rachel. Onze anos é muito tempo e nós temos a humildade de fazer esse pedido”.

"Tentamos recordar de algum contato com esse sujeito, mas em nenhum dos lados da família alguém sequer ouviu falar dele”, apontou Michel Genofre. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná
“Tentamos recordar de algum contato com esse sujeito, mas em nenhum dos lados da família alguém sequer ouviu falar dele”, apontou Michael Genofre. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná

Na época do crime, em 2008, Carlos Eduardo dos Santos morava na Rua Alferes Poli, no Centro de Curitiba, a cerca de 750 metros da escola onde a menina estudava. Michael Genofre, 41 anos, pai de Rachel, diz que a família ainda está processando as informações. Ele classificou Carlos Eduardo como um predador. “Tentamos recordar de algum contato com esse sujeito, mas em nenhum dos lados da família alguém sequer ouviu falar dele. Eu tentei recordar quando ouvi o nome, mas não tem a menor chance dele ser alguém conhecido”, apontou Genofre.

Ele também falou sobre o fim da espera. “Por um lado é um alívio, é uma etapa vencida, mas agora a gente precisa ver a justiça sendo feita, os crimes sendo pagos. Está bem difícil ainda. Houve momentos de desesperança, mas a gente tem uma fé muito grande. Ao longo dos 11 anos, fomos assediados com uma série de teorias, mas agora é um novo dia”, desabafou.

Na época do crime, em 2008, Carlos Eduardo dos Santos morava na Rua Alferes Poli, no Centro de Curitiba, a cerca de 750 metros da escola onde a menina estudava.
Na época do crime, em 2008, Carlos Eduardo dos Santos morava na Rua Alferes Poli, no Centro de Curitiba, a cerca de 750 metros da escola onde a menina estudava.

Histórico de crimes

Pelo que a Sesp apurou até agora, Carlos Eduardo dos Santos cumpre pena de 22 anos pela soma dos crimes que praticou. O primeiro foi um caso de estupro contra um menino, em 1985, em São Vicente (SP). Depois, mais registros de estupros, roubo, estelionatos, adultério com documento falso, tentativa de registro de criança e dano qualificado. Os registros são em anos diferentes: 1988, 1990, 2000, 2002, 2008, 2009, 2011, 2012, 2015 e 2016. Os crimes ocorreram em cidades onde ele morou, como São Vicente (SP), Jaú (SP), Presidente Prudente (SP), Mogi das Cruzes (SP), Porto Alegre (RS), Criciúma (SC), Curitiba, Umuarama (PR) e Mandaguari (PR).

Quase 11 anos depois, morte de Rachel Genofre tem reviravolta