Equipes policiais estiveram na manhã desta sexta-feira (19) no Condomínio Serra do Mar, conhecido como Condomínio da Morte, na Rua Eucaliptos, no Riacho Doce, em São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba (RMC). O motivo, dessa vez, foram disparos de arma de fogo efetuados dentro do residencial, que tem 594 apartamentos e já foi cenário de mais de 30 mortes desde que foi inaugurado, em 2012.

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Conforme apurou a Tribuna do Paraná, por volta das 10h homens armados numa Parati de cor escura chegaram ao condomínio. Eles tiveram acesso a uma das duas entradas e foram em direção a um grupo de pessoas que estava no local.

Alguns dos alvos fugiram para o matagal nos fundos do condomínio. Foto: Lucas Sarzi

Sem dizer nada, os ocupantes começaram a disparar várias vezes de dentro do carro. Segundo testemunhas, foram mais de dez tiros que fizeram com que os possíveis alvos corressem. Alguns se esconderam num matagal que tem nos fundos do residencial e outros se abrigaram no salão de festas.

Medo prevalece

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Equipes do serviço reservado da Polícia Militar (PM) permaneceram por cerca de uma hora dentro e nos arredores do residencial, mas não encontraram nenhum suspeito. Os policiais conversaram com alguns moradores, que, por medo, não quiseram passar informações coerentes sobre o que havia acontecido. Até o momento que eles foram embora, não houve registro de feridos ou mortos.

Segundo a polícia, depois das mais de 30 mortes registradas nos últimos cinco anos no condomínio, conseguir informações com quem vive no local tem sido muito difícil. Alguns dos poucos moradores que denunciavam o que aconteciam por lá foram mortos e outros se mudaram por medo.

Sequestro

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Uma informação que a PM tenta confirmar, é de um possível sequestro de uma mulher de dentro do condomínio, no momento dos disparos. A reportagem apurou que, quando foi feita a ligação pedindo ajuda dos policiais, uma voz de uma mulher foi ouvida gritando por socorro. A PM não sabe dizer se essa mulher foi levada ou não do local.

Nessa semana, uma mulher foi retirada do condomínio e levada para outro ponto da cidade, no bairro  Quissisana, onde foi baleada. Para escapar, mesmo depois de levar quatro tiros, ela se fingiu de morta e foi socorrida por policiais militares.

A Tribuna do Paraná descobriu que, depois das constantes mortes registradas no condomínio, o que aconteceu com a mulher nessa semana e pode ter sido registrado mais uma vez nesta sexta-feira, faz parte de uma orientação do comandante do local – que está preso: ninguém mais deve ser morto dentro do residencial. “As pessoas vão continuar morrendo, mas longe dali”, disse uma pessoa entrevistada pela reportagem, mas que não se identificou por segurança.

Conforme a informação obtida pela reportagem, os ‘marcados para morrer’ vão ser retirados do condomínio. “Isso porque ele (o homem que comanda de dentro da prisão) disse que a imagem do prédio está manchada e isso é ruim. A ordem, ao que soubemos, é para que as pessoas sejam retiradas de lá, levadas a outro ponto, seja ele qual for – a partir de ordens dadas pelo próprio preso – e executadas”.

Polícia Militar não localizou nenhuma vítima dos tiros. Foto: Lucas Sarzi.