Frio e Agressivo!

Celular de Peterson tinha vídeos em que Renata Larissa aparecia nua e algemada em matagal

Foto: Reprodução/Facebook

“Uma menina alegre, de bem com a vida e cheia de amigos”, é assim que familiares descreviam Renata Larissa dos Santos, de 22 anos, encontrada morta às margens da BR-376, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), na última quarta-feira. Com cabelos pretos, longos e presença marcante, a moça, que morava no bairro São Dimas, em Colombo (RMC), desapareceu no dia 27 de maio quando saiu de casa por volta das 20h30 e nunca mais voltou. O policial militar Peterson da Mota Cordeiro, de 30 anos, é apontado como autor deste e de outros crimes.

O corpo de Renata Larissa foi encontrado em adiantado estado de decomposição e reconhecido pela família nesta quinta-feira (02) por meio de uma tatuagem de borboleta no ombro e um piercing no umbigo. Logo em seguida, o diretor geral do Instituto Médico Legal (IML), Paulino Pastre, confirmou a informação. “Para chegar à confirmação foi necessária a utilização de uma técnica de recuperação da impressão digital e na sequência um confronto genético foi feito. Como não havia mais digital, nós tivemos que fazer esse procedimento. Além disso, não é possível saber qual a causa da morte, mas ela tinha um tecido em torno no pescoço, com dois nós, fortemente atados”, explicou.

Delegada explica em vídeo detalhes da investigação!

O policial, preso no dia 20 de julho, acusado de três estupros, é apontado pela delegada Eliete Kovalhuk, da Delegacia da Mulher, como o autor do crime. Desde o dia em que foi preso, uma forte investigação começou, e foi assim que a delegacia chegou até caso de Renata Larissa. Ela teve seus últimos momentos de vida registrados pelo estuprador. Violento e extremamente covarde, a delegada explica que no celular dele foram encontrados vídeos em que a jovem aparecia nua e com as mãos algemadas em meio a um matagal, próximo ao Zoológico de Curitiba, no bairro Alto Boqueirão, mesmo bairro em que o PM morava.

Delegada Eliele Kovalhuk explicou que depois do crime contra Renata Peterson continuou praticando os estupros. Foto: Marcelo Andrade.
Delegada Eliele Kovalhuk explicou que depois do crime contra Renata Peterson continuou praticando os estupros. Foto: Marcelo Andrade.

Ainda conforme a polícia, Peterson obrigava as vítimas a falarem o nome e a idade no início das gravações e registrava o momento do estupro. Como era policial militar, ele convencia as mulheres a saírem com ele por meio de redes sociais e, acreditando que seria seguro, por conta da profissão, elas não notavam risco algum. Além dos vídeos, o estuprador agia sempre na mesma região, de acordo com o  boletim de ocorrência de outras vítimas. Mesmo local em que o celular de Renata Larissa emitiu o último sinal.

“No nosso trabalho de campo verificamos que tinha esse desaparecimento da Larissa. Juntamos as características e com os vídeos descobrimos que os fatos aconteciam na região do zoológico, local que ele demonstrou conhecer muito bem durante depoimento. O último registro de sinal do celular da jovem foi nesta região e aí juntamos os fatos. A gente tem confirmação do estupro e na sequência a morte. Nós acreditamos que a intenção dele não era de matar, já que as outras vítimas saíram ’ilesas’. Não sabemos se foi o primeiro encontro, mas sabemos deste fato pelo vídeo gravado por ele”, explicou com detalhes.

Questionada sobre o envolvimento de Peterson em outros crimes, a delegada explicou que depois do crime contra Renata ele continuou praticando os estupros. Uma semana após a morte dela, outra vítima contou que ele a estuprou e ainda pensou em matá-la. Além disso, o PM foi acusado no ano passado, mas negou os crimes e permaneceu livre. “Temos um registro em 2017 e ele pode ter começado os crimes neste ano. Pela conduta que ele apresenta ele é muito frio, nega os crimes, mas admite que os atos existiram, mas ’consentidos’. Contudo, na cabeça dele, ele acha que não configura estupro. O encontro era consensual, até porque ele abordava pelas redes sociais e ganhava a confiança das vítimas por conta da profissão, mas o resto é crime”, descreveu.

A delegada afirmou que na casa de Peterson não foram encontradas roupas nem pertences de Renata Larissa, que foi encontrada nua. No pescoço da jovem havia um tecido amarrado, porém no último vídeo registrado da moça, não aparece o momento da morte. “Pela dinâmica que levantamos pelo mapeamento,
do percurso que ele fez, ele a buscou em casa, na região de Colombo, no dia 27 e acreditamos que ele tenha matado ela ainda na região do zoológico. Ele foi pela Linha Verde e foi direto para o local, bastante afastado. Encontramos três vídeos dela e fotos, todos feitos no mesmo dia”, finalizou.

O sepultamento de Renata Larissa será no Cemitério Municipal de Santa Cândida, nesta sexta-feira (3), às 15h.

Leia mais: Após caso Renata Larissa, mais vítimas procuram delegacia pra denunciar PM

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Peterson é acusado de estupro e pode ter começado a cometer os crimes em 2017, segundo uma das vítimas. Foto: Reprodução.
Peterson é acusado de estupro e pode ter começado a cometer os crimes em 2017, segundo uma das vítimas. Foto: Reprodução.

Mais broncas

No total, são dois inquéritos, fora o da Larissa, e outro em andamento, em que Peterson nega ter estado com a vítima, entretanto essa mulher, no final de 2017, fez retrato falado, que parece muito com ele e ainda o reconheceu com 90% de certeza. Outro ponto é um exame de confronto genético, já que havia material quando esta vítima foi fazer o exame pericial. O PM foi preso no dia 20 de julho, depois de uma série de denúncias que foram feitas à Delegacia da Mulher. A reportagem teve acesso a um dos boletins de ocorrência, que, com riqueza de detalhes, a vítima narra tudo o que passou nas mãos do homem.

Segundo a denúncia, ele conhecia as vítimas por um aplicativo de paquera. Uma das vítimas contou que, depois de alguns dias conversando com o PM, ela passou o celular e eles se encontraram pessoalmente dias depois. Nesse primeiro encontro, não houve nenhum indício de que o homem a estupraria, pois eles apenas conversaram dentro do carro dele. Um tempo depois, com muita insistência, a vítima aceitou sair novamente com o policial. Logo que a mulher entrou no carro, um Gol prata, o homem rodou com ela por mais de 20 minutos e parou numa rua deserta, sem casas e cheia de árvores, abaixou as calças e pediu que ela fizesse sexo oral nele, mas a moça recusou e ele a ameaçou dizendo que “se ela não fizesse teria consequências”.

Ao se sentir ameaçada, a moça acabou fazendo o que o policial militar mandava e foi aí que ele teria ainda abusado dela por outras duas vezes na mesma noite, de todas as formas possíveis. Dentro do carro, o PM foi agressivo, teria perguntado a ela se “ela sabia o que ele estava fazendo” e disse que ele estava a estuprando “e que iria abusar da moça e ela não poderia fazer nada”.

Mesmo com a moça chorando muito, ele a obrigou a manter relação sexual por mais uma vez e depois a ameaçou dizendo que ela não poderia contar a ninguém,  principalmente porque seus familiares estariam em risco. À vítima, o PM disse que seria fácil para ele matá-la e que, como ela tinha “sido boazinha”, a levaria para a casa.

Antes de deixar a moça em casa, o homem pegou o celular dela e apagou as mensagens do WhatsApp e também o contato, mas esqueceu de limpar as chamadas recebidas, o que foi um ponto importante para que a denúncia tivesse êxito. Ao denunciar o crime, a moça passou por exames e tratamento em um hospital de Curitiba.

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