Assustados com a quantidade de assaltos e pelos relatos dos vizinhos, os moradores do Jardim das Américas pretendem ir um pouco além. Depois de algumas pesquisas, descobriram que o orçamento do Estado para a segurança pública em 2017 é de R$ 3,7 bilhões e querem pedir a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). “Só queremos saber onde está esse dinheiro”, desabafou o advogado Geraldo Mocelin.

continua após a publicidade

Na manhã desta segunda-feira (21), os representantes do Conselho de Segurança (Conseg) do bairro se encontraram com o vereador Hélio Wirbiski (PPS), que também é morador do Jardim das Américas, para buscar apoio. “Até eu já tive minha casa invadida. Vivemos um momento muito difícil na região. Tentamos atuar junto às forças de segurança e até somos atendidos, mas infelizmente a infraestrutura não tem dado conta do número de crimes e da violência”, comentou o vereador.

Os moradores receberam a orientação sobre como proceder para que o pedido de CPI seja, pelo menos, analisado. “Além disso, denunciei essa situação na Câmara, mais como uma forma de fazer um apelo à Polícia Militar, para que algo seja feito. Não podemos continuar vivendo nessa insegurança. Quero que seja refeito o planejamento de segurança em Curitiba e que nossa região seja atendida. Todos os dias têm notícias de pessoas na região sendo atacadas”.

Segundo o advogado que resolveu liderar a denúncia, o que lhe acendeu sinal de alerta foi a constância das ações dos bandidos. “Temos enfrentado uma sequência muito grande. O que nos preocupou, é que os ladrões têm invadido as casas com as pessoas dentro, piorando nossa situação”, disse Geraldo Mocelin.

continua após a publicidade

Os moradores, unidos, já contrataram ronda 24h para as proximidades da associação de moradores do bairro. “Porque, infelizmente, sempre que vamos atrás da Defesa Pública, ouvimos que a polícia está com deficiência de material, de pessoal, mas consultei o orçamento do Estado para Segurança Pública era de R$ 3 bilhões e 700 milhões de reais. Pra onde tem ido o dinheiro?”, questionou.

Na conta do advogado, por dia, a Secretaria de Segurança Pública (Sesp) do Paraná teria R$ 10 milhões. “Temos esse orçamento. E onde estão estes 10 milhões, que a gente não vê? É isso que nós queremos saber e, por isso, vamos pedir que a CPI seja aberta. Tem que ser investigado pra onde está indo todo o dinheiro. Não só o Jardim das Américas, mas o resto da cidade também tem sofrido. Queremos saber, porque afinal de contas, verba tem, e se tem dinheiro, teria que ter segurança pública”, desabafou.

continua após a publicidade

Os moradores ainda devem fazer o protocolo na Alep, mas estão esperançosos de que sejam atendidos. “Temos a esperança de que seja aberta (a CPI). Se não for aberta, pediremos isso judicialmente”, finalizou.

Leia na íntegra a nota enviada pela Sesp:

A Secretaria da Segurança Pública e Administração Penitenciária do Paraná (Sesp) informa, primeiramente, que o orçamento da pasta é projetado anualmente de acordo com a estimativa de receita do Governo do Estado para aquele ano e contempla, ainda, recursos de convênios federais, além de, por exemplo, o empréstimo firmado junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

A perspectiva para 2017 é de gasto de cerca de 70% do orçamento total com pessoal, outros 15% para manutenção e custeio e 15% para investimentos.

Em 2016, cerca de 90% do orçamento foi executado pela Sesp – comprovando que a pasta não mede esforços para executar de forma plena o que está orçado. O restante diz respeito aos recursos de convênios federais que não puderam ser executados, mas estão assegurados em contas bancárias, e a outra parte volta para o caixa único do Estado.

Um exemplo disso são as 14 obras de construção e ampliação de unidades prisionais que estão sendo feitas neste ano e serão finalizadas em 2018.

A Sesp ressalta ainda que, na contramão da tendência nacional, o Paraná apresentou REDUÇÃO nos crimes patrimoniais (furtos e roubos) no primeiro semestre do ano. Em Curitiba, a queda no índice de roubo foi de 10%. A capital também teve outras reduções importantes nos furtos (-3%); furtos de veículos (-4%); roubos de veículos (-17%); furtos a residência (-12%); roubos a residência (-19%); furtos a comércio (-11%) e roubos a comércio (-21%).