Armas destinadas ao uso de um grupo de agentes penitenciários de elite, treinados para agir no controle de rebeliões e crises em presídios do Estado, foram desviadas e podem estar nas mãos de criminosos. Funcionários do Departamento Penitenciário do Paraná (Depen-PR) denunciaram à Tribuna o sumiço de algumas carabinas Winchester, espingardas calibre 12 e revólveres 38, que estavam no paiol da Seção de Operações Especiais (Soe).

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Segundo outra fonte que tem acesso às informações do grupo de elite Soe, as armas extraviadas fazem parte de um arsenal recebido da Delegacia de Explosivos, Armas e Munições (Deam) em agosto de 2015.

“Na época, a subdivisão precisava de armamento e a Deam tinha centenas de armas apreendidas que seriam destruídas ou desmanchadas. Como muitas dessas armas estavam em ótimo estado, foi feito um ofício e foram assinados os documentos para o armamento ser enviado à Soe em vez de seguir para destruição”, informou o servidor, que pediu para não ter o nome divulgado.

A Soe recebeu aproximadamente 130 armas de diferentes modelos, que foram catalogadas e registradas na Polícia Federal. “Tudo foi feito com muito cuidado. Só que os responsáveis pelo paiol de armas foram mudando com o tempo e, há cerca de dois meses, os novos responsáveis perceberam que as quantidades apresentadas nos documentos não conferiam com o número de armas disponíveis”, explicou o agente penitenciário.

Investigações

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Com a discrepância nos números, o desvio de armas foi comunicado à diretoria da Soe e do Depen-PR, que encaminharam o caso à Delegacia de Furtos e Roubos (DFR). “De fato, esse boletim de ocorrência foi registrado aqui conosco e estamos investigando a situação”, informou o delegado-titular da especializada, Matheus Laiola. No entanto, ele não deu mais detalhes a respeito do andamento das investigações. “O que posso dizer é que logo teremos o desfecho do caso”, prometeu.

Em nota, o Depen-PR confirmou que existe uma investigação em andamento para apurar o desvio das armas. No entanto, nenhum representante do órgão irá se pronunciar sobre o caso, segundo o departamento, “com vistas a proteção da própria investigação e preservação dos servidores em face do princípio da inocência presumida”.

“Lobo no galinheiro”

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Apesar de não haver confirmação por parte dos órgãos oficiais, os agentes penitenciários ouvidos pela Tribuna afirmaram que a polícia e o Depen-PR já identificaram um suspeito de cometer os desvios. Ele seria um servidor que durante certo período ficou responsável pelo armazenamento do arsenal.

“Este agente responde a vários processos administrativos dentro do sistema e possui fortes relações com uma pessoa envolvida com facções criminosas e tráfico de drogas. Trata-se de um desvio grave de patrimônio público”, afirmou um dos agentes penitenciários.

Entrega das armas

Em 17 de agosto de 2015, durante a abertura do curso ministrado aos agentes da Soe na Escola Superior da Polícia Civil, em Curitiba, o diretor do Depen-PR, Luiz Alberto Cartaxo Moura recebeu as 130 armas do então delegado-titular da Delegacia de Explosivos, Armas e Munições (Deam), Vinícius José Borges Martins.