Operação "Causa Ganha"

Advogados e peritos podem ter desviado quase R$ 9 milhões da Copel

Desde as primeiras horas da manhã desta terça-feira (10), agentes da Polícia Civil cumpriram mandados de prisão contra integrantes de uma quadrilha, suspeita de envolvimento em um esquema milionário de fraude contra a Companhia de Energia Elétrica do Paraná (Copel). São cumpridos dois mandados de prisão temporária, um de prisão domiciliar e quatro de busca e apreensão em Ipiranga, região dos Campos Gerais, contra um casal de advogados e um perito particular. Segundo a Polícia, eles são suspeitos de fraudar ações judiciais, comportamento que rendeu o nome da operação: “Causa Ganha”.

 

Como funcionava?

Segundo as investigações, a fraude envolvia ações indenizatórias ajuizadas por fumicultores contra a Copel, em virtude da má prestação do serviço, neste caso a queda de luz, que acabaria provocando a perda do fumo no processo de secagem. Após a suspeita de fraudes, a Copel procurou a polícia e foi apurado que o crime ocorria pelos menos desde 2015.

“Basicamente, a ação ocorria quando havia alguma queda de energia na região. Os suspeitos procuravam os produtores perguntando se eles teriam interesse em ajuizar uma ação, alegando perda de produto pela falta de energia. Como é uma relação de consumo, a prova cabe à Copel, e é muito difícil a empresa conseguir, tempos depois, garantir se houve prejuízo ou não”, explicou o delegado Guilherme Dias, responsável por conduzir os trabalhos. Por isso o nome da Operação “Causa Ganha”.

As investigações mostraram que o perito envolvido no esquema anexava laudos falsos aos processos e ainda negociava os valores que seriam incluídos com as próprias vítimas. Além de informações falsas nos laudos – como, por exemplo, a quantidade, qualidade do fumo e o tamanho do prejuízo –, ficou provado que o perito particular sequer realizava todas as avaliações e nem comparecia a todos os locais de perícia. Os advogados, de acordo com o inquérito, não atuavam apenas como defensores dos fumicultores, mas como autores intelectuais do delito, instruindo como ludibriar a justiça.

Pelo menos R$ 1 milhão foi comprovadamente desviado pelo trio, mas a investigação apura a participação dos suspeitos em outras centenas de ações podendo chegar a mais R$ 9 milhões de prejuízo para Copel. Ainda de acordo com o delegado, outros 143 laudos têm indício de fraude.

A investigação foi conduzida pela delegacia Ipiranga, com apoio do Núcleo de Repressão dos Crimes Econômicos (Nurce), da Polícia Civil do Paraná. O trio responderá pelos crimes de falsa perícia, falsidade ideológica e associação criminosa.

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