Segurança que matou jovem em Shopping é preso

O segurança Roberto Aparecido Lopes, de 28 anos, foi indiciado e preso nesta sexta-feira (20), em Campinas por homicídio doloso qualificado, por motivo fútil. Lopes confessou ser o autor do tiro que matou última quarta-feira o radiologista Rafael Silva de Paula Moreira de 26 anos, que saía com cinco amigos do Shopping Iguatemi, em Campinas. O tiro acertou o rosto do rapaz, que morreu a caminho do hospital Mário Gatti.

Desde quarta-feira, Lopes era procurado pela Polícia Civil de Campinas. Nesta sexta-feira (20), ele se apresentou na Delegacia Seccional. Em um depoimento de aproximadamente duas horas, alegou ter ficado nervoso com uma discussão que acabou em briga e agressões físicas. O nervosismo teria sido o motivo do disparo.

O delegado seccional Marcos Galli Casseb informou que a Justiça deve indicar uma segunda qualificação para o crime. O juiz da 5ª Vara Criminal, Maurício Henrique Guimarães Pereira Filho, que decretou a prisão temporária de Lopes, não foi encontrado.

O advogado de defesa do segurança da empresa terceirizada Verzani & Sandrini Segurança Patrimonial, José Pedro Said Júnior disse que vai tentar classificar o crime cometido por seu cliente como homicídio simples. A pena para o homicídio qualificado varia entre 12 e 30 anos de prisão, no caso de condenação. Para o homicídio simples, cai para seis a 20 anos. "Ele não negou o disparo. Mas é preciso separar o joio do trigo. O Roberto é um trabalhador, e esse homicídio foi um fato isolado em sua vida", afirmou Said Júnior.

Casado, pai de dois filhos, Lopes ficará pelo menos 15 dias preso. Nesta sexta-feira ele foi levado para a cadeia do 2º Distrito Policial de Campinas, segundo informou o delegado seccional. A defesa informou que, por enquanto, não vai pedir hábeas corpus para o segurança. O delegado Marcos Casseb disse que, pelo depoimento, é possível concluir que o segurança poderia ter evitado o tiro.

Depoimento

Segundo a versão de Lopes dada à polícia, o grupo de seis rapazes teria saído do Shopping Iguatemi e derrubado alguns cones de sinalização no estacionamento. Lopes disse que naquela noite ele era o líder da segurança. Segundo o advogado do shopping, Ralph Tórtima Filho, cerca de 15 homens faziam a segurança do local.

Lopes contou ter repreendido os rapazes. E disse ao delegado Carlos Henrique Fernandes, que preside o inquérito, que a bronca foi seguida de uma discussão que terminou em tapas e chutes. Os delegados não informaram de quem teria partido a primeira agressão.

Segundo Casseb, o segurança teria confirmado que dois rapazes foram levados para dentro do shopping por outros seguranças. Um dos amigos de Rafael Moreira deu a mesma versão anteontem ao Estado.

Os quatro outros integrantes do grupo teriam saído de moto, segundo Lopes. O segurança confirmou, de acordo com a polícia, que correu em direção à motocicleta em que estavam Moreira e um amigo. O garupa, Thiago Fonseca, disse ao Estado que o segurança atirou três vezes. Lopes disse à polícia que fez apenas um disparo, mas que outro segurança teria dado um tiro de alerta alguns momentos antes.

Imagens

A polícia solicitou ao shopping imagens do circuito interno de câmeras. As imagens foram entregues na tarde desta sexta-feira. Segundo o advogado do Iguatemi, não é possível ver o momento do disparo, já que o alcance da câmera não permitiu a visualização do local em que Rafael Moreira foi atingido, indicado pelo segurança e pelo Iguatemi como "uma via pública".

Casseb e Fernandes disseram não ter assistido aos vídeos, entregues em dois CDs. "Vamos analisar e enviar para perícia", afirmou o seccional.

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