Secretário garante mudanças na Polícia Militar em Londrina

O secretário da Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari, recebeu em seu gabinete, nesta segunda-feira (30), José Carlos da Silva, pai de Rafael Bezerra da Silva, 20 anos, morto no dia 15 de novembro de 2004 por policiais militares, em Londrina, Norte do Paraná. Silva veio até a Secretaria, acompanhado da representante do Conselho Permanente de Direitos Humanos, pedir apoio ao secretário na revisão do inquérito dos policiais envolvidos no assassinato do rapaz. ?Estou acompanhando este e o caso de Jamys Smith, morto em situação semelhante. É inadmissível o desvio de conduta de policiais. Enquanto eu estiver na administração da Segurança, vou lutar contra o abuso de poder?, disse o secretário.

Na reunião, Delazari comprometeu-se a afastar de Londrina todos os policiais que forem acusados de abuso do poder e outros crimes. ?Com a chegada do novo comandante, faremos algumas mudanças no efetivo que trabalha na cidade e que possa estar comprometendo a segurança da população. Traremos esses policiais para Curitiba e os direcionaremos para o setor administrativo da Polícia Militar?, garantiu o secretário.

José Carlos da Silva conversou com o secretário sobre todos os trâmites do inquérito de investigação da morte de seu filho. Dos dois policiais que estavam envolvidos no homicídio, um foi inocentado pelo Ministério Público e o outro foi denunciado por lesão corporal seguida de morte. ?É inadmissível que, depois matarem meu filho com 14 tiros à queima-roupa, estes policiais sejam absolvidos ou tenham penas brandas. Eles têm que pagar pelo que fizeram, antes que mais pessoas inocentes sofram também a mesma violência?, disse.

O secretário da Segurança explicou que o processo ainda não está concluído e que é possível reverter a situação. ?O fato de um dos policiais estar sendo acusado de lesão corporal seguida de morte, pode ser revertido. Conversarei com o promotor que está com o caso para ver o que é possível fazer. Está claro que o que aconteceu foi um homicídio doloso qualificado. Além do mais, num caso grave como este, os antecedentes criminais destes policiais são essenciais?, explicou Delazari. Ele se referiu a suspeitas de que os policiais acusados da morte de Rafael estariam envolvidos em outros homicídios.

Mudanças

Os pais de Jamys Smith da Silva, 20, também foram convidados pelo secretário para conversar com ele, em seu gabinete, mas não puderam comparecer. Jamys foi espancado e morto em sua casa por policiais militares, no dia 15 deste mês, em Londrina, durante uma festa particular. ?Nos dois casos, os policiais envolvidos vão pagar pelo que fizeram?, garantiu o secretário.

Com a chegada do novo comandante a Londrina, major Marcos de Castro Palma, e as transferências de alguns policiais, o secretário acredita que a situação será controlada. ?O comandante tem que ter mão forte para liderar a polícia. Não pode tentar apaziguar situações graves como as que aconteceram em Londrina e justificar dizendo que foi um ?acidente de trabalho?, muito menos chamar estes policiais assassinos de ?meninos?, como disse o ex-comandante de Londrina. O que vamos promover aqui é o controle da situação e quem não estiver satisfeito, será afastado ou transferido?, completou o secretário.

Homicídio

Rafael Bezerra da Silva foi morto no dia 15 de novembro de 2004 com 14 tiros à queima-roupa em Londrina. De acordo com as investigações do caso, o rapaz fumava maconha com um amigo em uma casa abandonada, quando policiais da Rone (Rondas Ostensivas de Natureza Especial) chegaram para procurar objetos roubados que estariam escondidos no local. Quando os policiais avistaram o garoto, começaram a atirar. ?Os PMs tentaram culpar meu filho colocando uma arma nas mãos dele. Os policiais não prestaram socorro, não chamaram o Siate e ainda o arrastaram para longe do local do crime e tiraram a sua camisa. Ele só foi atendido duas horas depois. Quando chegou no hospital, já estava morto e sem a camisa, que até hoje não sabemos onde está?, disse José Carlos da Silva.

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