São Paulo – O secretário de Finanças e Planejamento do PT, Paulo Ferreira, disse hoje, em São Paulo, que o partido vê como legítima a greve iniciada pelos funcionários do diretório nacional, mas insistiu que esta foi uma situação que não pôde ser evitada em função do elevado grau de endividamento da legenda.

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De acordo com Ferreira, apenas 16 dos 79 funcionários do diretório vieram trabalhar hoje por causa do atraso no pagamento dos salários. "Esta situação foi necessária e é uma decisão da comissão executiva nacional, que se deve, essencialmente, ao grau de endividamento muito alto que o PT herdou. Hoje, nós temos uma situação de dívida que é inalcançável pelas receitas ordinárias do PT", afirmou.

Ele afirmou que, apesar da demora, a sigla não se encontra em situação ilegal, uma vez que a legislação permite que o pagamento de salários seja feito até o quinto dia útil do mês.

A agremiação costumava realizar os pagamentos no dia 30 e não cumpriu um acordo que havia sido firmado, anteriormente, com os empregados, que estabelecia que o PT faria um aviso, com dez dias de antecedência, no caso de uma eventual delonga.

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Ferreira afirmou que o não-cumprimento da combinação se deve ao fato de a legenda ter avaliado somente na segunda-feira (28) a capacidade de cumprir os prazos de pagamento.

O secretário nacional de Finanças e Planejamento do PT disse ainda que todos os 42 trabalhadores que ganham até R$ 1.500,00 receberiam hoje a remuneração, enquanto o restante deverá ter o ordenado nos próximos dias.

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A exceção ficará por conta dos membros da direção nacional, que só serão remunerados quando forem pagos os salários atrasados e quitadas as obrigações referentes a indenizações de funcionários demitidos.

Nos últimos meses, a sigla reduziu em 40% a força de trabalho, que passou de 145 empregados em junho para os 79 atuais. Nesse mesmo período, a folha de pagamento do diretório nacional da agremiação passou de R$ 650 mil para R$ 321 mil.

Apesar de reconhecer que esta é uma situação difícil para os trabalhadores, Ferreira admitiu que a dificuldade poderá se repetir para o pagamento dos salários referentes a dezembro. "Nós temos obrigações e prioridades, sempre com vistas a não piorar a nossa condição para o mês de janeiro", disse.

Receita

A Receita Federal inspeciona as contas do PT, segundo o secretário nacional de Finanças e Planejamento. Apesar de não ter entrado em detalhes sobre a operação, Ferreira informou que o partido tornou disponível a prestação de contas referentes a 2000, 2001 e 2002.

"Não temos nenhuma objeção", disse, acrescentando que a legenda não tem motivos para temer a inspeção. De acordo com o secretário nacional de Finanças, a sigla manteve-se na legalidade no que se refere à Receita e se tornou alvo de tal vistoria em função da crise política.

"É uma inspeção que tem origem, evidentemente, na situação política que o PT enfrenta." Segundo Ferreira, a agremiação recebeu um ofício do órgão sobre o assunto na terça-feira (29).