Sebrae aponta que microempresa tem crédito reduzido e caro

No momento em que o governo prepara novas medidas para reduzir o spread bancário, estudo coordenado pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) revela uma situação crítica de acesso ao crédito pelas micro e pequenas empresas. Pouco propícios a partilhar os riscos dos negócios, os bancos têm oferecido crédito reduzido e caro, e preferido financiar muito mais facilmente as pessoas do que seus empreendimentos, embora muitas vezes o financiamento pessoal acabe se destinando às necessidades da própria empresa.

Articulado com o apoio do Banco Central, Ministério da Fazenda, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outras instituições voltadas para a solução do problema, o estudo do Sebrae foi editado no livro – “Sistema Financeiro e as Micro e Pequenas Empresas: Diagnósticos e Perspectivas”, lançado hoje na Câmara dos Deputados. A iniciativa visa apoiar as instituições financeiras a descobrirem novos produtos financeiros exclusivos para atender as necessidades e possibilidades desse segmento, que corresponde hoje no País a um universo de 13 milhões de pequenos negócios formais e informais.

Um dos caminhos apontados pelo estudo é a introdução de mudanças na forma como os bancos avaliam os riscos de crédito das micro e pequenas empresas. Entre as sugestões, também está o aprimoramento do sistema de garantias e a regulamentação pelo BC das sociedades de garantias de crédito. Essas sociedades funcionam como uma espécie de cooperativa, que em vez de crédito concede aval para os seus associados.

“O País não pode mais conviver com um sistema financeiro eficiente e sofisticado, de primeiro mundo, estranhando os pequenos negócios e vice-versa. Tudo tem de ser feito dentro das boas práticas que revelem oportunidade de ganhos para empresários e bancos”, disse Paulo Okamotto, diretor de Administração e Finanças do Sebrae nacional.

Segundo ele, a solução para o problema de acesso ao crédito é fazer com que os bancos passem a olhar os pequenos negócios não isoladamente, mas dentro de um contexto mais abrangente. Empresas que fazem parte de redes de fornecedores e cadeias produtivas oferecem menos riscos e por isso deveriam ter mais facilidade ao crédito com custos menores. “O problema da microempresa não é ser pequena. O problema é estar sozinha”, afirmou.

Para o organizador do livro e economista do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, existe uma grande demanda por crédito que os bancos não conseguem sanar. Com a estabilidade e o cenário de queda de juros e médio e longo prazos, disse ele, os bancos terão de criar novos produtos voltados para esse segmento para se manterem competitivos no mercado. Hoje, as instituições financeiras têm se acomodado com o pouco risco da alta rentabilidade proporcionada pelos títulos públicos. “Os spreads elevados se explicam pela baixa competitividade que existe entre os bancos”, afirmou.

O estudo mostra que os investimentos não contam com o apoio do setor bancário. A postura resistente dos bancos dificulta a melhoria do quadro macroeconômico, pois retarda a retomada do crescimento e do investimento e a melhoria da situação financeira das empresas. “O governo deve tomar medidas para garantir a ampliação e o direcionamento do crédito e deve apoiar os instrumentos especiais para ampliar e baratear a oferta de crédito e de financiamento”, aponta a publicação do Sebrae.

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