?Rouba, mas faz!?

A frase ?rouba, mas faz!? começou a ser utilizada no Estado de São Paulo quando Adhemar de Barros era um de seus mais conhecidos políticos. Conseguia seguidos sucessos em eleições e foi governador daquele estado, além de haver ocupado outras posições relevantes, inclusive disputando a Presidência da República, pelo Partido Social Progressista, por ele fundado. Acusado de desonestidade, de negociatas, de maracutaias, mesmo assim conservava um grande e fiel eleitorado. Como Maluf.

Dele diziam seus seguidores, depois que passou a ser difícil desmentir as irregularidades que praticava: ?Rouba, mas faz!?.

O bordão ganhou tanta força que Adhemar e seus porta-vozes passaram a fazer questão que ele fosse divulgado e não estranha que tivesse lhe rendido frutos. Ainda rende para outro ou outros políticos que, mesmo acusados, processados e com comportamento ético indubitavelmente condenável, continuam sendo dos mais votados da República.

A ONG (organização não governamental) Transparência Brasil, entidade dedicada a revelar e combater a má política e seus feitores, na pesquisa que fez com outras entidades, chegou à conclusão de que o eleitorado brasileiro rejeita hoje a tese do ?rouba, mas faz!?, de certa forma oferecendo um desmentido à nossa crença de que esse vírus estava vivo e dominante no seio do nosso povo. Para os eleitores, 75% dos governadores que agora assumiram farão boas gestões e não irão roubar (62%). Para o povo, a turma do bem já é maior que o bando do mal. Consideram que os governadores roubarão durante o mandato, segundo a opinião dos consultados, 19%, e não farão um bom governo, 30%. Isso revela que uma parcela bastante menor do que imaginávamos considera que uma administração pode ser boa, mesmo que o governante seja ladrão.

A pesquisa da ONG ainda revela que o povo forma seu conceito de que um político é honesto ou desonesto a partir do que lê nos jornais, o que redobra a responsabilidade dos meios de comunicação… Também a propaganda eleitoral. O povo também forma suas convicções pelo que lhes dizem pessoas conhecidas. É mesmo verdade que hoje ninguém diria, abertamente, que vota em alguém porque ele ?rouba, mas faz!?.

A pesquisa divulgada pela ONG foi realizada pelo Ibope, com 2.002 pessoas, depois das últimas eleições. Um fato bastante significativo é que nada menos de 25% dos eleitores não sabem o nome do antigo governador do seu estado. Nada menos de 16% não sabe nem mesmo quem é o atual governador. Em conclusão, temos de dar mais peso à indiferença do eleitorado que à negligência com princípios éticos que ainda levam ao poder verdadeiros malfeitores travestidos de líderes políticos. De qualquer forma, é hora de vigiar e protestar; exigir e fiscalizar, e promover-se uma reforma política na qual os cargos eletivos sejam ocupados por gente de bem. Os que não o forem devem ser conduzidos aos lugares onde merecem estar: na cadeia, que não deve ser só morada de pobres, mas também daqueles que não se pejam em desviar e roubar o dinheiro de um povo que ?grama? dificuldades e, em grande parte, miséria para Haiti nenhum botar defeito.

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