Risco de guerra derruba bolsas no mundo e eleva cotação do euro

O pânico tomou conta do mercado financeiro internacional hoje (24), por causa da percepção de que um conflito entre os Estados Unidos e o Iraque é apenas uma questão de tempo. As bolsas americanas despencaram, o euro fechou em nível recorde pelo nono dia consecutivo, o ouro atingiu o nível mais alto dos últimos seis anos e os preços do petróleo dispararam. O medo de uma guerra no Oriente Médio intensificou a migração dos investidores das aplicações de risco para os ativos considerados mais seguros.

O euro subiu hoje 0,81% em relação ao dólar, para US$ 1 082, o nível mais alto em três anos. O temor de que um conflito com o Iraque possa prejudicar a já cambaleante economia americana tem levado os investidores a vender dólares e comprar euros. Foi o nono recorde seguido estabelecido pela moeda européia. Como os Estados Unidos têm um déficit em contas correntes dos Estados Unidos, de US$ 500 bilhões, o país precisa atrair cerca de US$ 1,4 bilhão por dia para fechar o buraco de suas contas externas. Um guerra pode tornar essa tarefa bastante árdua.

O ouro, refúgio de investidores em momentos de incerteza como o atual, também disparou. Em Nova York, os contratos futuros do metal fecharam impulsionados pelos temores de guerra, a persistente fraqueza do dólar frente as moedas fortes e declínio dos mercados de ações globais. A combinação de todos esses fatores levou os futuros de ouro a romperem a resistência de US$ 370,00 a onça-troy, estabelecendo nova máxima em seis anos. Contudo, no final da sessão, uma breve realização de lucro fez com que o metal recuasse da máxima, ainda assim fechando em alta de 1,04%, para US$ 368,60.

O dia também foi péssimo em Wall Street. O índice Dow Jones recuou 2,85%, em 8.131 pontos, o nível mais baixo desde 17 de outubro. Todas as 30 ações que compõem o índice fecharam em baixa. O Standard & Poor?s (S&P) 500, um indicador mais amplo que reúne ações de 500 empresas, caiu 2,92%, também atingindo o ponto mais baixo desde 17 de outubro. O Nasdaq, que reúne ações de companhias de tecnologia, despencou 3,32%, o que praticamente anulou os ganhos do índice no mês, que ficaram em apenas 0,5%. Na semana, o Dow Jones acumulou queda de 5,31% e o Nasdaq, uma baixa de 2,47%.

?Num momento de tanta incerteza, os investidores abandonam os ativos tidos como mais arriscados e vão em busca de outros mais seguros. É a tradicional fuga para a qualidade?, afirmou o diretor de Pesquisa de Mercados Emergentes do banco de investimentos Goldman Sachs em Nova York, Paulo Leme. Ele ressaltou que as moedas e títulos de países emergentes sofreram pesadamente – no México, o dólar fechou em 10,875 pesos, novo recorde.

Dentro dos Estados Unidos, os investidores vendem ações e compram títulos do Tesouro dos EUA, tidos como um refúgio. No fechamento, o juro projetado pelos T-Bonds de 30 anos estava em 4,861%; a mínima foi em 4,821% e a máxima em 4,890%. O juro das T-Notes de 10 anos estava em 3,926%, com mínima em 3,851% e máxima em 3,953%.

Petróleo

Os contratos futuros de petróleo fecharam em alta acentuada em Londres e Nova York, recuperando as perdas de ontem, impulsionados pelos temores de que Saddam Hussein possa destruir os campos de petróleo do Iraque no evento de um ataque dos EUA, disseram analistas. Em Nova York os contratos para março fecharam em US$ 33,28 o barril, em alta de 3,19%; em Londres, os contratos de petróleo Brent para março subiram 2,59%  para US$ 30,49 o barril.

Uma fonte militar dos EUA disse que o país tomou conhecimento, através de seu serviço de inteligência, de que o Iraque vai tentar danificar ou destruir seus campos de petróleo se for atacado. ?Nós vemos isso como uma crise potencial verdadeira?, disse essa fonte. Segundo ele, os EUA prepararam um plano para tomar o controle dos campos de petróleo tão logo comecem os combates e antes que o Iraque possa explodi-los. Mas a probabilidade de que o Iraque já pode ter minado com explosivos alguns campos aumentou as preocupações sobre o futuro da oferta de petróleo do país, disseram analistas. O Iraque é o quarto maior produtor da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

O foco das atenções do mercado está nos dois primeiros dias da próxima semana. Na segunda-feira, os inspetores de armamentos da ONU vão apresentar seu relatório sobre o Iraque ao Conselho de Segurança da instituição. Na terça à noite, o presidente dos EUA, George W. Bush, fará seu discurso de ?Estado da União? no Congresso. Na quarta, o Federal Reserve anuncia sua decisão sobre taxas de juro.

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