Requião recusa proposta de oposição ao PT

Um dos poucos peemedebistas a apoiar o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desde a primeira hora, o governador eleito do Paraná, senador Roberto Requião (PMDB), está se recusando a se submeter à proposta que será apresentada na próxima terça-feira em Brasília pela direção nacional do seu partido de fazer oposição ao governo do petista.

O senador já avisou que não vai participar da reunião, defendeu a convocação de uma convenção nacional do partido para discutir a postura do PMDB em relação ao governo Lula e propôs a renúncia dos atuais dirigentes.

Em discurso hoje no Senado, Requião lembrou que defendeu insistentemente o lançamento de um candidato próprio à Presidência do PMDB, mas que foi derrotado pela ala governista, que ele chama de ? fisiológica? e que se alinhou à candidatura do senador José Serra (PSDB) à sucessão presidencial.

O senador também disse que acabou cedendo ao desejo de mudança da população ao apoiar a candidatura do petista e reconheceu que teve a contrapartida do PT no Paraná ao se eleger para o governo no segundo turno da disputa.

Desde a oficialização de sua vitória sobre o senador Alvaro Dias (PDT), Requião tem valorizado a participação dos petistas do Paraná na sua campanha. Durante o horário eleitoral gratuito, ele foi contemplado com um depoimento exclusivo de Lula apoiando sua candidatura, o que já foi reconhecido por Alvaro Dias como a ? pá de cal? no seu projeto eleitoral.

Duro crítico da feição governista do grupo que controla nacionalmente o partido, o senador, mais uma vez, vai liderar uma dissidência. A posição de Requião foi fortalecida nesta eleição com sua vitória no Paraná e dos outros dois governadores da Região Sul, Luiz Henrique em Santa Catarina e Germano Rigotto, no Rio Grande do Sul.

Embora mais integrado à ala que comanda o partido atualmente, o governador eleito gaúcho já está em processo de aproximação ao senador paranaense. Ele telefonou a Requião e propôs a formação de uma frente de governadores do Sul para negociar coletivamente os interesses dos três estados.

Requião atacou no discurso a cúpula do partido.?O PMDB foi o grande derrotado nessas eleições. O partido, mal orientado e mal conduzido, afundou num tremendo desastre eleitoral em muitos Estados?, disse.
O senador criticou o comportamento da direção nacional, que, embora sinalize com a tendência de oposição a Lula, já começou a negociar cargos no governo eleito.

O governador eleito do Paraná mandou um recado para a cúpula do partido, dizendo que o Paraná e Santa Catarina não negociam suas posições com a direção do PMDB. O senador disse que delegou ao governador eleito do Rio Grande do Sul a competência de falar em seu nome para avisar que o Paraná sugere a convocação de uma Convenção Nacional.

Voltar ao topo