Requião propõe CPI dos bancos para apurar lucros das instituições financeiras

Dizendo-se escandalizado com os lucros que os grandes bancos brasileiros vêm anunciando, o governador Roberto Requião disse que ?talvez fosse o caso de se instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a atuação de alguns bancos brasileiros, tal o exagero dos resultados apresentados nos balanços de bancos como o Itaú e o Bradesco?. Segundo o governador, no primeiro semestre de 2005, o banco Itaú apurou um faturamento líquido de R$ 2,3 bilhões e o banco Bradesco obteve um lucro recorde de R$ 2,6 bilhões no mesmo período. O comentário de Requião foi feito na reunião do secretariado desta terça-feira (08).

Para o governador, o lucro dos bancos do sistema financeiro nacional já é ?pecado de usura?. ?Não será a CPI do ?mensalão? que vai investigar o motivo pelo qual o parlamentar foi comprado, porque ele foi comprado para votar na política econômica do governo federal?, comentou. Para Requião, por causa da política econômica, os bancos vêm obtendo ?lucros fantásticos?.

?Para manter essa situação, o governador enfatizou que o país vem mantendo as maiores taxas de juros do planeta. O segundo país no mundo com altas taxas de juros, que é a Turquia, exibe um índice três vezes menor que do Brasil?, comparou. Para Requião, quem determina o processo de compra e corrupção dos parlamentares são os interesses privados.

Cooperativa

Requião pediu o apoio dos funcionários públicos estaduais para fortalecer a cooperativa de crédito, criada no Paraná para oferecer empréstimos consignados a juros mais baixos que o sistema financeiro. ?A cooperativa é dos funcionários e não do governo?, disse. Com a cooperativa, o funcionário pode ter acesso a empréstimos de um fundo financeiro próprio formado pelos servidores.

Segundo Requião, quando ele saiu do seu primeiro mandato acabou com todas as rubricas de bancos que permitiam o desconto de empréstimos em folha de pagamento dos funcionários públicos estaduais. No período que ficou fora do governo, todas as rubricas foram restabelecidas pelo governo anterior, para aumentar os lucros dos bancos.

O governador lembrou que os empréstimos consignados em folha de pagamento não oferecem risco para os bancos, só lucros. ?A cooperativa de crédito é o instrumento de defesa possível para acabar com esses lucros?, justificou.

Emater

Ainda na reunião com o secretariado, Requião defendeu o projeto de autarquização da Emater, Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural, que será apreciado na Assembléia Legislativa na próxima semana. Segundo Requião, a empresa já está autarquizada na prática porque sobrevive exclusivamente de recursos públicos e também segue a legislação das licitações. Mas não está oficializada na estrutura do governo. O governador criticou o fato de a empresa ter 1.200 funcionários e 1.700 ações ajuizadas contra o governo do Paraná.

Requião justificou que o processo de autarquização, que está sendo criticado, será entendido posteriormente, pela maioria dos funcionários, porque não vai trazer prejuízos. ?Pelo contrário, vai eliminar as disparidades salariais que existem entre funcionários que ocuparam cargos de chefia e acumularam vantagens e gratificações com aqueles que só sobrevivem do salário?, explicou. Com o tempo, os acordos salariais resultaram em diferenças que podem variar de R$ 2 mil a R$ 16 mil para pessoas que exercem a mesma função dentro da empresa.

Após a criação da autarquia, o governador prometeu enviar à Assembléia um Plano de Cargos e Salários para as duas empresas, semelhantes ao que fez para professores e funcionários das universidades estaduais. ?No início, o plano de cargos das universidades foi criticado, mas hoje 99,9% dos funcionários entenderam que o governo estava fazendo o melhor que podia?, afirmou.

O governador sinalizou ainda a possibilidade de realizar um concurso para contratação de mil pessoas entre técnicos e doutores para as duas instituições. Sua intenção é estabelecer um projeto estratégico de apoio à área rural no Estado, nos próximos anos.

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