Registro de eleitores no exterior tem índice baixo

Os consulados do Brasil pelo mundo se prepararam para as eleições de domingo. Mas a realidade é que o percentual de brasileiros que tem se inscrito no exterior para votar é apenas uma fração daqueles que teriam o direito de participar das eleições. Para a maioria dos consulados na Europa, o problema não é o desinteresse da população, mas a falta de verbas para que possam se comunicar com os brasileiros no país estrangeiro, o temor dos emigrantes ilegais de registrarem seus nomes em um escritório do governo e mesmo a burocracia para a transferência do título de eleitor.

O resultado é o registro de um número de eleitores bem abaixo do percentual da população que gostaria de votar. Portugal, por exemplo, é a maior zona eleitoral do Brasil na Europa, com 4,7 mil eleitores inscritos em Lisboa e outros 2,8 mil no Porto. "O número de eleitores é irrisório", confessa ao jornal O Estado de S. Paulo o cônsul-geral do Brasil na capital portuguesa, Julio Zelner Gonçalves, que acredita que a população brasileira em Lisboa seja de cerca de 140 mil pessoas. "Para as próximas eleições, precisamos fazer uma campanha na imprensa local para informar os brasileiros sobre como votar. O problema é que não temos dinheiro para isso", explicou.

Na Inglaterra, cerca de 3,5 mil brasileiros estão registrados para votar domingo em Londres, a segunda maior zona eleitoral da Europa.

Mesmo assim, o número é pequeno comparado aos quase 100 mil brasileiros que vivem no país. Dez zonas eleitorais foram criadas, cada uma delas com uma urna eletrônica. Caso uma dessas urnas sofra alguma pane, a votação passa a ser manual.

Na região de Genebra, na Suíça, onde vivem cerca de 7 mil brasileiros, apenas 350 conseguiram se cadastrar a tempo no consulado. O registro do título de eleitor deveria ter sido feito em maio, mas muitos brasileiros que vivem na região sequer ficaram sabendo do prazo estipulado pelo consulado. Mesmo os que souberam tiveram dificuldades diante da exigência de documentos que não possuíam. Um dos que ficou sem sua autorização para transferir o título de eleitor foi o próprio embaixador do Brasil na ONU, Clodoaldo Hugueney.

Para os emigrantes ilegais, que são autorizados a votar, a situação é ainda mais complicada. Muitos não têm endereço fixo para receber comunicações e outros ainda temem ir até o consulado. É o caso de Magda, de 28 anos e que há quatro vive na Suíça. Ela vive na mesma rua do consulado brasileiro em Genebra, mas nunca ficou sabendo dos prazos para a transferência do título de eleitor. "Mesmo se eu recebesse a informação não iria votar. E se a polícia suíça ficar sabendo?", questionou Magda, sem saber que seu registro no consulado não seria repassado às autoridades locais.

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