Recuperar o tempo perdido

O próximo quadriênio, ao longo do qual Lula cumprirá o segundo mandato como presidente da República, segundo se anuncia, será pródigo de grandes obras na infra-estrutura. Lula está determinado a recuperar o tempo irremediavelmente perdido com os percalços de natureza ética e política da administração que chega ao fim, espalhando pelo território nacional uma série de projetos de vulto a fim de marcar sua passagem pelo Planalto.

Neste mandato, o governo federal viu-se limitado a um programa administrativo pouco condizente com as necessidades reais do país, obrigando-se a deixar de lado áreas específicas, como a infra-estrutura, para tapar os rombos originários dos conflitos de interesse e conduta desfigurada de dirigentes do PT, ministros e componentes da base política no Congresso.

Nos quatro anos que estão pela frente, segundo projeção do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o rol de projetos de melhoria da infra-estrutura contará com a apreciável dotação de R$ 198 bilhões, para atender demandas nos segmentos de energia elétrica, comunicações, ferrovias, portos e saneamento básico. Com investimentos desse porte, o governo Lula tenciona dar sua contribuição para a retomada do processo de desenvolvimento econômico, embora esteja desde já preocupado com questões referentes aos marcos regulatórios e exigências da legislação ambiental.

Os entraves devem ser mais evidentes nas áreas de energia elétrica, cujos projetos estão orçados em R$ 88 bilhões, compreendendo geração, transmissão e distribuição, mas são altamente complexos do ponto de vista ambiental e, em conseqüência, dependentes dos marcos estabelecidos pelo próprio governo. O banco indica que os projetos em exame serão suficientes para atender a demanda por energia até 2010, sem contar com as duas usinas programadas para o Rio Madeira, em Rondônia, as que apresentam maior índice de preocupações quanto ao meio ambiente.

As projeções, no entanto, advertem economistas do BNDES, dependem de variáveis macroeconômicas como a elevação da renda, juros e financiamentos. Como se vê, um eletrizante jogo de pôquer.

Voltar ao topo