Reação da indústria comprova recuperação do mercado interno

A recuperação, ainda que lenta, do mercado interno foi comprovada em vários segmentos da indústria em junho na Pesquisa Industrial Mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para a economista do instituto, Isabella Nunes Pereira, o aumento da produção em setores vinculados a bens semiduráveis e não-duráveis (alimentos, bebidas, calçados, vestuário, perfumaria, farmacêuticos) e que dependem do mercado doméstico está ocorrendo em conseqüência da melhoria do mercado de trabalho, especialmente de “alguma recuperação” no rendimento dos trabalhadores.

Segundo ela, a reação desses segmentos deverá prosseguir no segundo semestre, já que a expectativa é de que a recuperação da renda tenha continuidade nos próximos meses. Além disso, a base de comparação do ano passado, bastante deprimida para os semiduráveis e não-duráveis e segmentos que dependem diretamente da demanda interna, deverá favorecer estatisticamente os dados relativos a esses segmentos no segundo semestre, ao contrário dos segmentos exportadores, que deverão desacelerar o crescimento por causa da elevada base de comparação do segundo semestre de 2003.

Um dos setores que ilustram a recuperação, segundo os dados divulgados pelo IBGE na semana passada, é o de perfumaria, sabões, detergentes e produtos de limpeza: na comparação com igual mês do ano passado, o setor registrou um aumento na produção de 19,8% em junho, bem superior aos 9,8% de maio, que por sua vez havia revertido a queda de 6,3% registrada em abril. Os resultados positivos garantiram um crescimento acumulado de 9 6% no primeiro semestre, na comparação com igual período do ano passado.

A indústria têxtil é outro segmento voltado para o mercado doméstico e do grupo de bens semiduráveis e não-duráveis – com produtos também na categoria de bens intermediários – que vem acelerando a recuperação nos últimos meses. Segundo os dados do IBGE, a produção de têxteis cresceu 19,6% em junho, ante igual mês do ano passado, uma expansão maior do que a registrada em maio (11,2%) e abril (8,5%). O setor, que até maio acumulava queda de 0,19% no indicador de 12 meses, em junho reverteu o resultado para crescimento de 1,7%. No ano, de janeiro a junho, a indústria têxtil acumulou aumento de 7,7% ante igual período do ano passado.

Outro segmento que está muito vinculado ao desempenho do mercado doméstico, neste caso da categoria de bens intermediários, e que vem mostrando reação é o de material de embalagens de papel, papelão e cartão. Em junho, o setor cresceu 13,25% ante igual mês do ano passado, acelerando sobre os resultados apresentados em maio (10,54%) e abril (3,81%). No acumulado do ano, o setor registrou aumento de 3,8%, mas o bom desempenho não foi suficiente para reverter a queda registrada em 12 meses até junho, de 1,8%.

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