Punição a envolvidos no caso dossiê pode ser apenas política

Passados 70 dias da apreensão de R$ 1,7 milhão com petistas no Hotel Ibis, em São Paulo, o deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ), integrante da CPI dos Sanguessugas, tem uma certeza: "se houver algum enquadramento dos envolvidos neste caso, será por crime eleitoral". Em sua opinião, o enquadramento dos petistas que tentaram comprar um dossiê contra os tucanos pode ser feito mesmo não se descobrindo de onde surgiu o dinheiro. "É possível enquadrá-los por formação de caixa dois".

Na Polícia Federal já há quem admita que, sem descobrir a origem do dinheiro, será difícil indiciar criminalmente os envolvidos. O delegado Diógenes Curado, responsável pelas investigações pretende recorrer a exame pericial para saber se as informações que possui são suficientes para afirmar que parte dos dólares apreendidos saiu da Agência de Turismo Vicatur, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, por meio de "laranjas". Ele entrega à Justiça Federal, na segunda-feira, um relatório sobre as investigações já realizadas.

No relatório, Curado mostrará os indícios de envolvimento dos petistas na tentativa de compra do dossiê, a começar pela apreensão dos R$ 1,7 milhão. Há ainda os vídeos gravados pelo Hotel Ibis mostrando Hamilton Lacerda – ex-coordenador de campanha do senador Aloízio Mercadante – levando uma bolsa que foi entregue à Gedimar Passos.

Para a polícia, a mala continha dinheiro. Lacerda diz que carregava boletos de recolhimento de dinheiro para a campanha presidencial de Lula. A versão não se sustentou pois os boletos não foram encontrados no hotel, e dois petistas graduados – o então presidente do partido, Ricardo Berzoini e Mercadante, o ex-candidato ao governo paulista – afirmaram não ser atribuição de Lacerda arrecadar verbas para campanhas.

Segundo a PF de Mato Grosso, até mesmo o crime eleitoral poderia ser descaracterizado, bastando que algum candidato assuma na sua prestação de contas à Justiça Eleitoral, os R$ 1,7 milhão como doação para campanha.

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