PTB declara apoio a Lula “por ódio a Serra”

O PTB anunciou hoje apoio ao candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Essa decisão, no entanto, representa apenas uma recomendação e não uma imposição. O presidente nacional da legenda, deputado José Carlos Martinez (PR), fez questão de deixar claro que o apoio ao PT não foi aprovado por “amor ao Lula, mas por ódio a José Serra (PSDB)”. Ainda assim, a cúpula do PTB teria um encontro hoje à noite em São Paulo com o presidente Fernando Henrique Cardoso.

Pelas explicações de Martinez, os políticos nos Estados poderão fazer quaisquer composições no segundo turno nas disputas pelos governos, inclusive com o PSDB. Em São Paulo, por exemplo, o PTB ficará com o governador Geraldo Alckmin. O “ódio” do PTB a Serra é mais uma solidariedade a Martinez, que no auge da subida de Ciro Gomes, na campanha do primeiro turno, foi muito criticado pelos tucanos, inclusive pelo próprio Serra.

Martinez disse hoje, após a reunião do partido, que poderia até subir no palanque do PSDB, desde que Serra não fosse o candidato. “A gente fica triste de não apoiar o candidato do presidente Fernando Henrique Cardoso, mas Serra não dá.”

Para mostrar seu respeito pelo presidente, informou que iria encontrá-lo ainda hoje em São Paulo para conversar sobre a disputa no segundo turno. Mas afirmou que a conversa serviria apenas para falar sobre a posição do PTB. “Notícia ruim a gente dá ao vivo e não por telefone”, declarou.

Segundo o líder do PTB na Câmara, Roberto Jefferson (RJ), o presidente lhe telefonou ontem para marcar a reunião, que contaria com a presença do presidente nacional do PSDB, José Aníbal.

De acordo com o sindicalista Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, que foi candidato a vice na chapa encabeçada por Ciro Gomes (PPS), o presidente quis convencer o PTB a apoiar Serra. “O presidente não aceitou a idéia de o PTB se manter neutro na disputa, porque isso passaria a imagem de que Serra não é capaz de agregar”, declarou Paulinho.

A decisão do PTB foi tomada hoje após uma reunião de quase quatro horas. Roberto Jefferson foi o único a defender que o PTB liberasse seus filiados para que fizessem campanha para Serra ou Lula. Foi voto vencido. Ao sair do encontro, realizado na casa de Martinez, Jefferson deixou claro que, apesar da recomendação pró-Lula, não subirá no palanque do PT. Já Martinez condicionou sua campanha em favor do PT à decisão dos petistas em favor da candidatura de Álvaro Dias (PDT) ao governo do Paraná.

Mas o presidente do PTB sabe que essa será uma posição polêmica, já que o PT no Paraná pode aderir à campanha de Roberto Requião (PMDB), adversário do pedetista. “Pelo menos, é recomendável e inteligente que Lula se mantenha neutro no Paraná. Quem está com a cabeça a prêmio é o Lula”, declarou o dirigente. Ao deixar Brasília, Paulinho informou que 70% dos 1.800 sindicatos da Força Sindical no País apoiam o Lula. “O restante deve ficar com Serra.”

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