PSDB começa coleta de assinaturas para criar CPI do caixa dois

O PSDB começou hoje a coleta de assinaturas para criar mais uma comissão parlamentar de inquérito (CPI): a do caixa dois de campanha, destinada a apurar todas as denúncias do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza envolvendo financiamentos irregulares de candidaturas em vários Estados, até mesmo a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O anúncio da ofensiva tucana foi feito em dupla pelo líder do partido no Senado, Arthur Virgílio (AM), e pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que assumirá a presidência nacional da legenda em 18 de novembro.

"Estamos reagindo à tentativa deslavada do governo Lula de confundir caixa dois, que é algo deplorável, com a corrupção desse governo, patrocinada pelo PT", disse Virgílio, ao contabilizar 18 denúncias de Valério, envolvendo vários partidos e candidatos em pelo menos oito Estados: São Paulo, Pernambuco, Santa Catarina, Bahia, Ceará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.

"Queremos separar bem o que é caixa dois e o que é corrupção e abrir uma CPI só para apurar as acusações sobre campanhas", completou Jereissati, em defesa de uma CPI exclusiva para investigar irregularidades no financiamento de candidaturas. Mas a iniciativa não entusiasmou nem mesmo a oposição. "Acho que já não temos condições de acompanhar nem as três CPIs (Correios, ‘Mensalão’ e Bingos) existentes", avaliou o líder da minoria no Senado, José Jorge (PFL-PE), ao afirmar que a abertura de um novo inquérito terá de ser melhor discutida dentro do PFL e na bancada de oposição ao governo. "Temos de examinar o efeito político disso."

Um dos quatro vice-presidentes nacionais do PSDB, o senador Leonel Pavan (SC), disse hoje que não tem dúvidas de onde esta nova CPI poder chegar: na Presidência da República. "Se o próprio presidente Lula admitiu o caixa dois como uma prática corriqueira em todos os partidos, então, temos de chamá-lo para depor também", raciocinou.

Foi o líder do PSDB no Senado quem começou a colher as 27 assinaturas exigidas pelo Regimento Interno para que se possa apresentar à Mesa Diretora um requerimento pedindo a criação de uma CPI. "Vamos separar tudo para que nada fique sem investigação porque o governo tenta misturar as coisas por má-fé", insistiu Virgílio, ao anunciar que Azeredo seria o primeiro a prestar esclarecimentos à nova CPI.

O líder do PSDB destacou ainda que houve não só financiamento irregular de campanha em reais como em dólar, como admitiu em depoimento o publicitário Duda Mendonça, que fez a campanha presidencial do PT e de vários parlamentares petistas, como o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (SP). "Só esta campanha em dólar já seria motivo suficiente para o fechamento do PT, como diz a Lei Eleitoral", emendou Virgílio.

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