Pronto, eles conseguiram

Maurício Requião foi eleito e é o novo conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), substituindo o aposentado Henrique Naigeboren. A notícia, tal como colocada, já teria algo de estranho, pois o novo conselheiro, atual secretário de Estado da Educação, é irmão do governador do Paraná. Mas a forma como ela aconteceu, praticamente empurrada a goela abaixo e de afogadilho, provoca a estupefação do povo paranaense.

Até as 15h de ontem, tudo estava parado. Uma liminar concedida pelo desembargador Jorge de Oliveira Vargas, a pedido do advogado e então candidato à vaga no TCE Rogério Iurk Ribeiro, tinha suspendido o processo eleitoral para tentar instituir o voto secreto, que (na argumentação de Iurk) evitaria a coação aos deputados estaduais, que são os responsáveis pela escolha dos conselheiros do Tribunal de Contas.

Mas não houve tempo nem de discutir o caso. Como um rolo compressor, a equipe jurídica do governo estadual conseguiu derrubar a liminar e, com a prestimosa ajuda do presidente de Assembléia Legislativa, deputado Nelson Justus (DEM), a eleição foi feita a toque de caixa. Como era de se esperar, Maurício Requião foi eleito com ampla votação: 43 votos a seu favor e nove abstenções.

Mais uma vez se provou que a casa legislativa do Paraná está vinculada diretamente ao Executivo. Sequer houve resistência visível – não é possível que apenas nove deputados sejam críticos das atitudes e do discurso do governador e de seus áulicos, que hoje estarão festejando por todos os cantos a eleição do ?primeiro-irmão? para o Tribunal de Contas, um dos mais importantes órgãos do nosso Judiciário.

É, acima de tudo, um triste capítulo da história paranaense. Aos olhos dos leigos, após a eleição de Maurício Requião para o TCE, o governador Roberto Requião está conseguindo justamente o que imagina ser a ?democracia perfeita?: a imensa maioria dos políticosa seu favor, os que são contrários se calam por receio, e quem não aceita as atitudes de intolerância é condenado à desgraça, sendo atacado e injuriado pelos ?poderosos? em plena tevê pública.

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