Produção de carvão vegetal sem reflorestamento ajuda a destruir cerrado

O cerrado brasileiro talvez seja hoje um dos ecossistemas mais ameaçados em função do aumento da fronteira agropecuária e da produção de carvão vegetal. A afirmação foi feita hoje (11) pelo diretor de Florestas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Antonio Carlos Humell, em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional.

Hummel explicou que o carvão vegetal continua sendo bastante consumido nas siderúrgicas dos estados do Pará, Minas Gerais e Maranhão. "Hoje, há um esforço do Ibama de fazer com que a legislação ambiental seja cumprida, que esse carvão seja de áreas legalizadas e que também seja feita a reposição florestal para, no futuro, abastecer de forma sustentável os altos fornos dessas siderúrgicas". Na sua opinião, as autoridades do setor "não podem continuar empurrando o cumprimento da legislação ambiental com a barriga. Ninguém imagina, mas grandes quantidades de ferro são produzidas à custa da destruição de nossos cerrados".

Por outro lado, salientou o diretor de Florestas do Ibama, há também um trabalho sendo feito no sentido de conscientizar a população de que o carvão vegetal vendido nas cidades para churrascos domésticos é oriundo de florestas nativas. "O certo seria que esse carvão também fosse proveniente de florestas plantadas, uma vez que o consumo urbano acaba pressionando as florestas nativas, especialmente o cerrado", observou.

Humell disse que o esforço do Ibama no momento é para que a legislação volte a ser cumprida. Segundo ele, o Código Florestal prevê que as siderúrgicas deveriam ter a sua sustentação a partir de florestas plantadas. "Dessa forma, o Ibama está fazendo um esforço, através da sua Diretoria de Florestas, de assinar com cada siderúrgica um Termo de Ajustamento de Conduta, onde se vai ter um quadro de legalidade com relação à origem do carvão e também com relação ao cumprimento da reposição florestal obrigatória".

Já houve no Brasil uma experiência de uso do carvão mineral, mas, em função dos custos, não foi possível prosseguir no projeto. "O carvão mineral viria de outros países e a produção nacional, proveniente de Santa Catarina, não dá para atender a demanda. Além disso, a qualidade não é muito boa."

Voltar ao topo