Procurador quer investigar origem de “grampos” em Brasília

Brasília – Alvo de escutas ilegais, o procurador da República Luiz Francisco de Souza suspeita que existe no Distrito Federal um amplo esquema de escuta telefônica clandestina com objetivos políticos, uma verdadeira "grampolândia". Souza disse que, após o Carnaval, pedirá ao procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, e à direção da Polícia Federal a abertura de uma ampla investigação para descobrir a autoria dos grampos no DF.

A procuradora Cláudia Fernanda de Oliveira Pereira, do Tribunal de Contas do Distrito Federal, que vinha investigando suspeitas de irregularidades na administração distrital, envolvendo a contratação de serviços sem licitação, foi vítima de escuta telefônica clandestina. Além de Cláudia, foram grampeados outros integrantes do Ministério Público, como o próprio procurador Luiz Francisco, o ministro dos Esportes, Agnelo Queiroz, e uma amiga de Cláudia, Ana Flávia Rezek, mulher do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Francisco Rezek.

"Assim como isso foi feito contra procuradores, pode ter atingido outras pessoas, como jornalistas ou outros integrantes do Ministério Público", disse Souza. "Precisamos de uma investigação contundente para acabar com a escuta clandestina política", disse. As gravações clandestinas das quais o procurador foi vítima possuem uma peculiaridade, se comparadas às outras interceptações ilegais: são extremamente claras, audíveis, fato que levantou a suspeita de investigadores do Ministério Público de que seus telefones também estejam ou tenham sido grampeados

No dia 30 do mês passado começaram a chegar a deputados da Câmara Legislativa do Distrito Federal fitas com as gravações das conversas da procuradora. Cláudia participa da força-tarefa que investiga suspeitas de irregularidades envolvendo a Companhia de Desenvolvimento do Planalto Central (Codeplan), órgão responsável pela administração das despesas do governo do Distrito Federal.

As suspeitas são de que a Codeplan estaria contratando os serviços, sem licitação, por uma entidade sem fins lucrativos chamada Instituto Candango de Solidariedade (ICS). De 1998 para cá, o ICS teria recebido R$ 2 bilhões em recursos públicos por meio desse suposto esquema.

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