Presidentes do PPS e do PV criticam acordos para superar cláusula de barreira

Os presidentes do PPS, Roberto Freire, e do PV, José Luiz Penna, consideram que foi uma decisão apressada e oportunista, sem levar em conta coerência ideológica de programas a criação do Partido Republicano, acertada ontem entre PL, Prona e PTdoB, bem como a incorporação, já acertada, do PAN pelo PTB.

?Não vamos entrar nessa mixaria de juntar coisas desconexas?, afirma Penna, referindo-se ao Partido Republicano. ?Não sei como se encaixa uma discussão política aí, mas com o PV não será uma coisa apenas pragmática?, diz ele.  O PV, assim como o PPS, não  superou  a barreira dos 5% e  negocia  fusão  com o  PSC para  reverter a  situação.

O presidente do PV considera a fusão entre PL, Prona e PTdoB uma prova de que se trata de ?partidos fracos programaticamente, que enfrentam de maneira açodada a pressão pela perda de parlamentares?.

Ou seja, quer dizer que os deputados trocarão de partido se a questão da cláusula não for resolvida rapidamente, por falta de afinidade com a legenda. Segundo ele, os verdes não pensam da mesma forma. ?O tempo do PV não é o mesmo tempo dos outros, não temos um horizonte de perda parlamentar, porque temos prestígio na sociedade.?

O líder do PL na Câmara, Luciano de Castro, nega que a negociação com Prona e PTdoB tenha ocorrido às pressas. ?Estamos conversando há algum tempo, não tem nada a ver com a eleição. Os parlamentares não vão ficar num partido que não tenha assento nas comissões, fundo partidário e tempo de TV.?

Quando a regra da cláusula de barreira entrar em vigor, o que deve ocorrer a partir do início da próxima legislatura, no dia 1º de fevereiro, os partidos que não tiveram a representação mínima estipulada pela legislação eleitoral terão atuação limitada no Congresso Nacional, perderão espaço nas propagandas televisivas e terão de dividir apenas 1% do fundo partidário.

O líder do PL diz que o novo Partido Republicano estará apenas cumprindo a lei. ?Estamos dando nossa contribuição, transformando três partidos em um?. Segundo ele, quem está criticando não tem moral para fazê-lo. ?O PV é mais pragmático que a gente, porque está negociando com o PSC [Partido Socialista Cristão], que antes negociava com a gente. Eles pensam em criar o PVSC, parece até nome de empresa petrolífera?.

Roberto Freire, do PPS, que negocia um acordo com o PHS, garante que seu partido não vai ?pegar qualquer um?. Questionado se é uma referência aos acordos de outros partidos, ele responde que ?o PTB está fazendo isso?. Quanto ao PL, evita fazer a crítica nominal, mas também não nega? ?Não quero criticar ninguém, até porque a cláusula é uma violência?.

O PTB está cuidando dos detalhes da incorporação do PAN, que já está acertada, segundo o presidente do partido e deputado cassado Roberto Jefferson. Ele rebate a crítica do presidente do PPS: ?O Freire é um ideológico, que acusa sem saber. Está sempre mal humorado. Eu não me juntaria com o PPS.?

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