Brasília (AE) – Em depoimento na CPI do Mensalão, o presidente do PP, deputado Pedro Corrêa (PE), disse hoje (14) que o ex-ministro-chefe da Casa Civil, o deputado José Dirceu (PT-SP), jamais prometeu ao partido dinheiro em troca do apoio ao governo. Ele disse que ia com freqüência à Casa Civil, mas que recebeu do petista apenas a garantia de que, em troca da adesão ao governo, o PP ganharia participação nos cargos de indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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Depois de afirmar que desconhecia a existência do ‘mensalão’, Corrêa disse que o chefe de gabinete da liderança do PP João Cláudio Genu foi autorizado pelo partido a sacar R$ 700 mil das contas do publicitário Marcos Valério Fernandes e não R$ 4,1 milhões, como denunciou o empresário. "Nenhum outro saque feito por Genu era de conhecimento do partido nem foi autorizado pelo partido", garantiu. Segundo ele, os R$ 700 mil foram usados para pagar o advogado Paulo Goyaz, responsável pela defesa do deputado Ronivon Santiago (PP-AC), réu em 36 processos judiciais.

Ele afirmou que o ex-presidente do PT José Genoino era seu interlocutor no governo, mas que nunca tratou de assuntos financeiros com ele. Sempre quando precisava conversar com o PT sobre problemas financeiros do PP, Corrêa disse que era orientado por Genoino a procurar o então tesoureiro do PT Delúbio Soares.

Acusado de autorizar os saques nas contas de Marcos Valério, Pedro Corrêa declarou que seu nome não consta da lista de retiradas do empresário e que o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), que o denunciou de envolvimento no ‘mensalão’, recuou e negou sua ligação com o esquema. Corrêa chegou para depor na CPI carregado de uma extensa lista de documentos na tentativa de provar sua inocência.

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Ele entregou 12 volumes de documentos contendo seus sigilos telefônicos de suas residências em Brasília, Recife, de 17 celulares, da casa de sua mãe em Pernambuco, e de uma fazenda. Também abriu os sigilos de nove contas bancárias, de seis cartões de crédito e das empresas onde tem participação societária. Marcado para hoje, o depoimento de João Cláudio Genu foi transferido para a próxima terça-feira.