Presidente do Banco Central avisa que País precisa fazer o dever de casa

O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, voltou hoje (31) a defender um crescimento econômico que tenha, em sua base, "fundamentos sólidos e consistentes, e não medidas voluntaristas ou artificiais". No momento em que os investidores ainda digerem a mudança na equipe econômica, com a escolha de Guido Mantega para a Fazenda, Meirelles reafirmou essa opção de crescimento, ao falar a uma platéia de empresários reunidos em seminário, promovido pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), que antecede a 47.ª Assembléia dos Governadores do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que começa segunda-feira.

"O crescimento poderia ser maior e temos certeza que será maior, mas para isso é preciso fazer todo o dever de casa", disse Meirelles. "Não serão euforias de curto prazo com incertezas amanhã que gerarão possibilidades de crescimento. É muito importante que frisemos essa questão da consistência e da solidez das questões de crescimento." Entre o trabalho a ser feito, ele incluiu a necessidade de estabilização da economia, da eliminação de fatores de crise e da criação de condições para a atração de investimentos que impulsionem o crescimento.

Meirelles usou o mesmo argumento quando falou sobre as taxas de juros, que estariam em trajetória de queda "sólida e consistente" e não em razão de "fatores voluntaristas ou artificiais" determinados por intervenção governamental. "Isso mostra que estamos numa trajetória virtuosa de consolidação de condições de crescimento." O presidente do BC citou os juros reais médios dos últimos anos para demonstrar seu raciocínio: entre 1997 e 1999, a taxa era de 21,4%, caindo para 15,2% entre 2000 a 2003. Caíram para 11,4% entre 2004 e 2005 e a expectativa do BC é de que seja de 10,4% neste ano.

Uma taxa de inflação estável é, de acordo com Meirelles, condição para que o Brasil possa crescer e atingir seu potencial Para ele, a inflação tem sido objeto de uma política consistente do BC para a convergência das metas de longo prazo. O presidente do BC reafirmou que a meta deste ano é de 4,5%.

"O momento é auspicioso", disse, ao iniciar uma exposição recheada de bons indicadores econômicos, na qual enfatizou os avanços da economia brasileira nos últimos anos, principalmente nas contas externas e no perfil da dívida pública

"O Brasil hoje tem uma plataforma sólida para o crescimento", acrescentou, afirmando que a expansão da renda e a queda da taxa de desemprego estão puxando o aumento do consumo das famílias desde o fim de 2005. A projeção do BC é de que a economia brasileira cresça 4% neste ano.

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