Em sua primeira visita oficial ao Brasil, o presidente da Bolívia, Evo Morales, não conseguiu o que queria – o aumento do preço do gás natural fornecido à Petrobrás dos atuais US$ 4,3 para US$ 5. O governo brasileiro manteve-se alheio a esse apelo, ampliou a discussão sobre a questão do gás às órbitas do financiamento e a novos investimentos e firmou acordos de cooperação em prol de um "novo relacionamento com a Bolívia".

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O governo brasileiro interferiu em favor da elevação do preço de uma parcela mínima de gás natural fornecida pela boliviana Andina à usina TermoCuibá, de US$ 1,09 para US$ 4,20 por milhão de BTU, conforme nota divulgada no início da noite, pelo ministério de hidrocarbonetos da Bolïvia. A Andina fornece até 2 8 mil metros cúbicos de gás por dia à TermoCuiabá, um décimo do que a Petrobras compra da estatal boliviana Yacimientos Petrolíferos Fiscales de Bolívia (YPFB).

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, confirmou que os presidentes Lula e Morales chegaram a resvalar no pleito boliviano de aumento do preço do gás fornecido pela YPFB à Petrobrás – dos atuais US$ 4,3 para US$ 5 por milhão de BTU.

Mas indicou que o próprio presidente Lula colocou o tema na órbita técnica e empresarial e preferiu tratar com Morales de uma agenda em torno desse insumo que envolveria os investimentos brasileiros na construção de um pólo gás-químico na fronteira entre os dois países e no aumento da produção da Petrobrás na Bolívia, assim como em linhas de financiamento para tais projetos.

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Para Amorim, o encontro de Evo Morales com o presidente Lula significou um passo a mais na consolidação de uma "nova relação" entre os dois países, que ruira com o anúncio da nacionalização do setor de hidrocarbonetos e que estremecera com a ameaça de cancelamento da visita oficial nos últimos dias.