Premiê palestino descarta governo que reconheça Israel

O primeiro-ministro palestino, Ismail Haniye, do Hamas, descartou nesta sexta-feira (22) participar de um governo de coalizão que reconheça o Estado de Israel. Desautorizou, assim, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, do partido Fatah, que, horas antes, em discurso à Assembléia Geral da ONU, havia declarado que "qualquer futuro governo palestino" estaria comprometido com "o reconhecimento do Estado de Israel, a renuncia à violência e as negociações de paz.

"Eu, pessoalmente, não vou estar à frente de nenhum governo que reconheça Israel", afirmou Haniye, durante sermão em uma mesquita de Gaza. "Nós apoiamos o estabelecimento de um Estado palestino nos territórios de 1967 (Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém oriental), mas em troca de um cessar-fogo com Israel, nunca de um reconhecimento", completou.

As declarações – feitas depois que a Secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, anunciou uma viagem ao Oriente Médio para auxiliar na retomada das conversações de paz entre palestinos e israelenses – agravam o impasse na já complicada negociação para a formação de um governo de coalizão com o qual os palestinos esperam suspender as sanções econômicas impostas desde que o Hamas assumiu o poder, em março.

O pontapé inicial para a formação do governo de coalizão foi dado dia 11 deste mês, com a assinatura de um acordo entre o Hamas e o Fatah. Seu objetivo é convencer os americanos e europeus a levantarem o bloqueio internacional ao território palestino.

O Hamas é considerado um grupo terrorista pelos EUA e a União Européia. Quando Haniye assumiu o poder, em março, ambos congelaram a ajuda financeira que, em 2005, chegou a US$1 bilhão. Pouco antes, Israel havia suspendido o repasse dos US$50 milhões mensais, referentes a impostos sobre importações palestinas feitas através de portos israelenses.

Por causa do boicote internacional, a maior parte dos 140 mil funcionários públicos palestinos está sem receber salário. As escolas e hospitais públicos funcionam de forma precária e metade da população palestina não consegue suprir suas necessidades alimentares básicas segundo a ONU.

O Hamas propôs ontem a Israel uma trégua de 10 anos, que traria "estabilidade e prosperidade" à região, nas palavras de Ahmed Youssef, assessor de Haniye. A proposta foi prontamente rejeitada por Israel.

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