PR cria centro para combater exploração infantil

criancas151204.jpgReunir em um mesmo local várias entidades e profissionais responsáveis pela repressão e pelo atendimento a vítimas de violência e exploração sexual é a proposta do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítima de Exploração Sexual e Maus-Tratos (Nucria), inaugurado hoje em Foz do Iguaçu, na fronteira com Paraguai e Argentina. Além de uma delegacia especializada, a casa, cedida pela Itaipu Binacional, tem um local para atendimento médico, psicológico e jurídico. Conta ainda com o apoio do Ministério Público e do Poder Judiciário.

A intenção do secretário da Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari, é que se torne um exemplo para o País. Ele apresentou a idéia ao Colégio Nacional de Secretários de Segurança Pública, o qual preside, e ganhou a aprovação. "Queremos com o Nucria incentivar outros Estados a perceberem a importância de proteger as crianças e adolescentes que são explorados muitas vezes pelos seus pais, familiares, vizinhos, pelo traficante da região, pelo homem ou mulher da classe média, aparentemente acima de qualquer suspeita", salientou.

Autoridades do Paraguai e da Argentina também estão sendo chamadas a engrossarem o grupo de combate à violência sexual na região, que tem o turismo como carro-chefe da economia. "A Itaipu atua com a infra-estrutura e todo apoio necessário", disse o diretor-geral da empresa, Jorge Samek.

Várias entidades, entre elas 67 dos cerca de 200 hotéis, já aderiram ao programa e passam a ostentar banners com o desenho de uma menina segurando um ursinho de pelúcia, o símbolo da campanha.

Artes

"É a primeira vez que órgãos de segurança pública vão tratar o problema da criança da forma como merece ser tratado", aprovou o padre Giuliano Inzis. Por meio da Sociedade Civil Nossa Senhora Aparecida, o padre Inzis vem desenvolvendo há anos um trabalho de recuperação de crianças vítimas de abusos por meio da dedicação às artes cênicas e plásticas. "Normalmente a criança vítima de abuso passa por várias instâncias, tendo que repetir e reviver a mesma história em todas", criticou. "O que queremos com o Nucria é preservar a integridade da vítima para que ela não se torne réu."

Mas o problema de abuso sexual de crianças e adolescentes não se restringe à região de fronteira ou locais de turismo. A coordenadora nacional de Política de Enfrentamento da Exploração Sexual, ligada à Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, Elizabeth Leitão, disse que desde maio de 2003 o telefone 0800 990 500 recebeu cerca de 8 mil denúncias de abuso de todo o Brasil. Elas atingem pelo menos mil municípios brasileiros. As denúncias são encaminhadas aos Ministério Público de cada região. "Estamos inaugurando um novo tempo em que as ações passam a ser orientadas pelos direitos humanos", elogiou.

O coordenador do Nucria no Paraná, Cláudio Telles, disse que com essa iniciativa será possível ter uma espécie de mapeamento do problema no Estado. "Com isso será possível orientar o atendimento social", acredita. Segundo ele, hoje não se tem nenhuma estatística e nenhum estudo social sobre o problema. Um projeto piloto do Nucria está funcionando em Curitiba há cerca de quatro meses. "Com esse tipo de conduta o governo do Paraná reforça a postura de seriedade com que encara os grandes problemas, demonstra a total compreensão da realidade social e reafirma que não foge da boa briga, nem tampouco se esconde por trás das ilusões produzidas pelo marketing enganoso, ao contrário, inova, realiza, trabalha e faz", acentuou o secretário Delazari.

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