População faz festa e protesto discreto para Lula na Bahia

Na sua rápida passagem por Cachoeira, o presidente Lula não fez discurso, não deu entrevista, mas não deixou de ir para os braços do povo. Apertou mãos, abraçou, beijou. Tirou fotos com dona Canô, mãe de Caetano Veloso, convidada especial da presidência na visita à cidade, vizinha de Santo Amaro da Purificação, onde mora. Foi recebido com festa pela população, de 36 mil habitantes e governada pelo PFL.

O presidente chegou às 8h45 e uma hora depois já estava em Cruz das Almas, cidade próxima, onde outdoors, faixas e cartazes faziam elogios ao presidente. "Um, dois três, Lula outra vez" foi o coro repetido em vários momentos pela multidão que assistiu à solenidade de lançamento da pedra fundamental da Universidade Federal do Recôncavo Baiano, que terá campus nos dois municípios.

Discreta, uma faixa do Sindicato do Fumo indagava: "Lula, você está na terra do fumo e como vão ficar 110 mil empregados?" Quase ao lado da faixa, com um indiscreto charuto de dois metros nos braços, e uma caixa de charutos "Dom Lula" na mão, o empresário André Dias, 65 anos, destacava-se na multidão, mas não conseguiu entregar o presente ao presidente, mesmo depois do seu discurso em Cruz das Almas. "Eu ia pedir a Lula para fumar charuto baiano e não cubano", observou, bem-humorado. "É preciso fazer propaganda do nosso produto e dar emprego aos baianos".

Sua pequena empresa tem seis anos e emprega seis pessoas, um deles deficiente físico. Tanto as pequenas como grandes empresas de fumo no Estado correm o risco de fechar, segundo ele "O governo brasileiro aumenta os impostos e cobra de pequenos empresários taxas absurdas". Dias se orgulha do seu produto que já ganhou prêmio em uma exposição mundial de charutos em Las Vegas, nos Estados Unidos, em 2004.

A presidente do Sindicato do Fumo no Estado, Josenita Souza Salomão, ainda aguarda uma alternativa para os trabalhadores no plantio, beneficiamento e fabricação de charutos. "O presidente usou a gente (empregados do setor) para conseguir uma cadeira na Organização das Nações Unidas (ONU)", disse Josenita, que integra a Câmara Setorial do Fumo, em Brasília. "O governo está caprichando no aumento de impostos para acabar com o fumo". Ela destacou que a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) também tem cobrado altas taxas para as empresas poderem funcionar. A sindicalista pediu um estudo para alternativa de trabalho e de renda para os empregados no plantio e industrialização do fumo. "Se nada for feito, nossa campanha será contra Lula", avisou.

Voltar ao topo