A prefeitura de Guaribas, cidade-piloto onde começa amanhã a ser executado o programa Fome Zero, proibiu que os mil habitantes que moram na zona urbana de criarem porcos, carneiros e cabras, que eram usados para melhorar a alimentação e reforçar o orçamento doméstico.
O prefeito de Guaribas, Reginaldo Correia da Silva (PL), disse que a proibição foi aprovada há três anos pela Câmara dos Vereadores e há três semanas começou a ter sua aplicação fiscalizada.
Embora não haja distinção precisa entre zona urbana e zona rural, policiais militares visitaram as famílias e informaram que, se os animais fossem encontrados na cidade, seriam apreendidos e mortos.
A proibição revoltou os moradores. O casal Domingos Venâncio Rocha, de 40 anos, e Isabel Pereira Rocha, de 38 anos, que tem oito filhos, vendeu o porco que tinha e está passando dificuldades.
– Não podemos criar porcos, cabras e galinhas. Como é que eu vou criar meus oito filhos se o inverno nem sempre é bom e permite plantar e colher feijão e milho? – disse Domingos.
O prefeito reconhece ser contraditório o município entrar na luta de combate à fome e proibir a criação de animais.
– Mas não se pode deixar animais circulando nas ruas – disse.
O médico Vilmar Sabino Paulo, do programa Saúde da Família em Guaribas, afirmou que a dieta dos moradores do município é muito baixa em proteína e muito rica em carboidratos porque comem basicamente bolacha, macarrão, farinha e cuscuz de fubá de milho, mas o consumo de carne é raro.
– Os moradores de Guaribas não estão criando galinhas. Uma criança consumindo três ovos todos os dias poderia ficar na faixa nutricional adequada – disse.