Políticas de juventude que tratam de saúde sexual são deficientes, conclui relatório

As políticas públicas de juventude que tratam da área da saúde sexual e reprodutiva no Brasil são deficientes, e faltam serviços de saúde disponíveis para atender especificamente aos jovens e às necessidades próprias da idade. É o que diz o relatório "Tirando Acordos do Papel", elaborado por mais de 40 organizações não-governamentais que desenvolvem trabalho voltado para os jovens.

O documento, que já havia sido encaminhado à Organização das Nações Unidas (ONU), foi entregue ontem (12) ao secretário nacional de Juventude, Beto Cury. A representante do Grupo Interagir ? uma das organizações que elaboraram o relatório ?, Renata Florentino, disse que há grupos específicos de jovens que ainda não são atendidos pela política nacional de combate à aids: "Alguns grupos, como o dos jovens homossexuais, são muito sensíveis a determinadas políticas de saúde. Além de, geralmente, não contarem com o apoio da família, eles passam despercebidos no bojo de uma política que é bem avaliada".

Para ela, o governo também deveria dar mais atenção às políticas de saúde para prevenir a gravidez inesperada na adolescência, cada vez mais incidente nas classes baixas. "Às vezes, o problema nem é com a educação sexual em si, mas com a perspectiva de vida dessas jovens. Algumas até têm acesso à informação, mas engravidam para segurar namorado. Concepções como essa são mais sensíveis e exigem políticas mais sofisticadas", explica Renata.

O relatório também salienta que a ausência de dados relacionados à sexualidade e direitos reprodutivos de adolescentes do sexo masculino reflete a concepção de que apenas a mulher deve ser informada e instruída em relação aos métodos contraceptivos e reafirma o machismo e o entendimento de que os rapazes têm menos necessidades no campo da saúde sexual.

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