O ex-diretor de Internacional da Petrobras Jorge Luiz Zelada, que virou réu por corrupção em processo criminal da Operação Lava Jato, encontrou-se 16 vezes com o lobista João Augusto Rezende Henriques, apontado como operador de propinas do PMDB. As reuniões ocorreram no período de 2003 a 2008.

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A Lava Jato revela que na contratação do navio-sonda Titanium Explorer a propina acertada era de US$ 31 milhões, dos quais US$ 20,8 milhões teriam sido efetivamente pagos. A cota do PMDB, afirma a Procuradoria da República, chegou a US$ 10 milhões, em 2009.

Zelada sucedeu Nestor Cerveró na diretoria Internacional da estatal. Cerveró foi preso em janeiro por suposto recebimento de propinas.Zelada também está preso. Nesta segunda-feira, 10, o juiz federal Sérgio Moro recebeu a denúncia contra Zelada e mais cinco investigados na contratação do navio-sonda.

O Ministério Público Federal constatou que João Henriques foi executivo da Petrobras, de onde saiu para exercer a atividade de lobista. A Procuradoria da República registrou na denúncia contra Zelada e João Henriques um total de dezesseis encontros marcados. Ao apontar as datas são anotadas quinze reuniões.

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“A análise da agenda funcional de Jorge Luiz Zelada revela que foram marcados dezesseis encontros oficiais entre o lobista e ex-empregado da Petrobras no período de 18 de agosto de 2003 a 11 de dezembro de 2008”, registra a denúncia do Ministério Público Federal contra Zelada, Henriques e outros quatro réus, entre eles o delator Hamylton Padilha.

Nos autos da Lava Jato, Henriques “afirmou que conheceu Jorge Luiz Zelada na época em que trabalhou na Petrobras (anos 90) e que manteve neste período relações de amizade com o ex-diretor da área Internacional”.

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Por sua vez, Hamylton Padilha, novo delator da Lava Jato, atuava como lobista e operador de propinas de empresas multinacionais. Padilha relatou que no final de 2008 passou a atuar para a Vantage Drilling nas negociações com a área Internacional e que foi procurado por outro lobista, Raul Schmidt Felippe Junior, para pagamento de propinas a agentes da estatal no fechamento do negócio – o fornecimento do navio-sonda Titanium Explorer pelo valor de US$ 1.816.000,00.

“Na conversa, Raul Schmidt Felippe Junior informou a Hamylton Padilha que nesta negociação o interlocutor direto sobre o tema de propina seria João Augusto Rezende Henriques, ex-funcionário da Petrobras e conhecido como um lobista ligado ao PMDB, partido que dava sustentação política para Zezada permanecer no cargo”, informam os procuradores da Lava Jato.

“Caberia a João Augusto Rezende Henriques realizar o pagamento da vantagem indevida em favor do PMDB, enquanto Hamylton Padilha se encarregaria de pagar a parte da propina destinada a Eduardo Musa (ex-gerente da estatal) e Raul Junior. Este, por sua vez, transferiria a parte da propina devida a Jorge Zelada”, assinala o Ministério Público Federal Rastros do dinheiro. “O pagamento de vantagem indevida destinada ao partido PMDB ocorreu por intermédio do lobista João Augusto Rezende Henriques”, informa a Lava Jato. Foram US$ 15,5 milhões acordados mediante um contrato de “Comission Agreement” pela empresa chinesa que forneceu o navio-sonda e era representada por Hamylton Padilha.

No total, o MPF aponta o acerto de US$ 31 milhões em propina por conta do contrato do navio Titanium Explorer, no entanto o pagamento efetivado foi de US$ 20,8 milhões.