Votação de requerimentos na CPI da Bancoop é adiada

Sem a presença de cinco dos nove deputados que compõem a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Bancoop na Assembleia Legislativa, em São Paulo, a sessão extraordinária convocada para hoje não teve quórum e adiou, mais uma vez, a votação dos requerimentos que se acumulam na Casa. Entre os principais, está o primeiro requerimento, apresentado pelo PT, para ouvir o promotor de Justiça José Carlos Blat e o tesoureiro do PT e ex-presidente da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo, João Vaccari Neto.

O deputado Samuel Moreira (PSDB), presidente da CPI, e os deputados Bruno Covas (PSDB), Ricardo Montoro (PSDB) e Waldir Agnello (PTB) compareceram à sessão, que precisava de cinco deputados para ser aberta. Faltaram à reunião os deputados Estevam Galvão (DEM), Roberto Morais (PPS) e Chico Sardelli (PV).

Vanderlei Siraque (PT) e Vicente Cândido (PT), os únicos que não fazem parte da base governista dentro da comissão, chegaram, mas ficaram fora da sala em que a CPI ocorreu. “A bancada governista não teve quórum suficiente para a CPI. Não temos obrigação de garantir quórum para as votações de uma CPI em que somos minoria”, disse Siraque.

“Confesso que não esperava isso. É um assunto da maior importância e envolve mais de três mil famílias que precisam de uma resposta. Vamos convocar quantas extraordinárias forem necessárias”, criticou Moreira.

A próxima sessão da CPI ocorre na terça-feira. Já são 32 os pedidos apresentados pelos deputados, que, além da convocação de Blat e Vaccari e do pedido de acesso à documentação da Bancoop, incluem alguns nomes famosos, como o do escritor Ignácio de Loyola Brandão e da atriz Deborah Secco e seu pai, Ricardo Secco. Brandão é um dos cooperados da Bancoop, que afirmou em carta à revista ‘Veja” ter pago R$ 100 mil à cooperativa sem receber o apartamento.

A atriz foi denunciada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por improbidade administrativa por ter recebido, em sua conta, depósitos de R$ 158 mil de duas empresas fantasmas envolvidas em um suposto esquema de desvio de recursos do governo do Rio de Janeiro para a campanha de Anthony Garotinho em 2006. O esquema seria operado pelo pai da atriz. A Justiça bloqueou os bens da família.

“Ricardo Secco teria ligação como grande operador do esquema Bancoop”, afirmou o deputado Waldir Agnello, autor do requerimento. “Mas não posso adiantar o motivo porque são informações sigilosas.” Questionado, o Ministério Público de São Paulo disse não ter nenhuma informação sobre a relação entre Ricardo Secco e a cooperativa.

Para Siraque, o pedido não tem cabimento. Ele disse não saber o motivo para convocar a atriz e seu pai. “Pelo jeito querem ver artistas e levar a Assembleia ao ridículo. Vamos ter de criar uma sala de autógrafos ao lado da CPI”, ironizou. “A impressão que dá é que não querem apurar nada. O fundamental é chamar o acusador e o acusado.”