O PSDB conseguiu fazer o que se propôs em 1988? Fugiu do fisiologismo partidário?

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Conseguiu, numa primeira fase, e eu diria que até hoje é diferenciado, sem menosprezo ao MDB, e apesar dos problemas havidos.

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Mas, assim como o PMDB da época, o PSDB se tornou um partido de caciques. Não houve uma renovação de lá pra cá. Por quê?

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Você não muda as lideranças por decreto. Há gente jovem boa, mas lideranças políticas têm de aparecer. Renovar não é uma decisão. E as pessoas precisam estar preparadas. Veja só, o Persio Arida é o coordenador (econômico) da campanha do Geraldo Alckmin. Veja, não estou menosprezando o Persio, que é ótimo, mas cadê a renovação? Não aparece ou não se arrisca.

Depois dos escândalos envolvendo lideranças como Aécio Neves e Eduardo Azeredo, o PSDB falhou em não fazer uma autocrítica?

A autocrítica deve fazer parte permanente da vida de qualquer partido. O PSDB, neste sentido, não deve ser diferente. Nós fazemos pouco isso. Deveríamos fazer mais.

Na sua avaliação, o PSDB vive uma crise? Uma crise ética?

Nós vivemos uma crise permanente (no PSDB). Mas é crise para todo mundo. A política toda está em crise, todos os partidos estão. No País, não há dois lados mais na política. Basta ver as discussões no Senado, não há um contra ou a favor. É a sociedade contra a política. Não se tem mais um conflito de partidos ou de pensamentos.

Qual o maior feito do PSDB?

O Plano Real, sem dúvida, e depois o padrão de governo que criamos no Brasil. Não estou dizendo que o PSDB tornou tudo uma maravilha, mas elevou o padrão de governo.

Que rumo o partido deve tomar a partir de agora?

Abrir caminhos, como fez no passado. Mobilizar-se, de fato, para fazer uma reforma política, especialmente a reforma do sistema eleitoral, implementar o voto distrital misto, que é exequível. Essa questão é urgente e a movimentação do PSDB em torno disso é fraca. E tem a questão do parlamentarismo, que, ao meu ver, tem de ser recolocada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.