Vargas não aceita ser meio secretário

O deputado federal eleito André Vargas (PT) afirmou ontem que não passa pela sua cabeça desistir da Secretaria do Trabalho, nem assumi-la com o atual secretário, Emerson Nerone (PHS), como diretor-geral da pasta. Vargas negou os rumores de que poderia desistir do cargo por não ter a liberdade necessária para montar sua equipe na secretaria. ?Essa questão eu vou discutir com detalhes com o governador Roberto Requião (PMDB)?, disse o deputado, lembrando que a montagem da equipe da pasta ainda não foi definida.

Vargas disse que não pretende ter autonomia plena na SETP, mas acredita que é importante ter um certo grau de liberdade, para manter as pessoas que acha que deve manter e retirar do cargo aquelas que entender que devem sair. ?Não faz sentido entrar e ser tutelado. É claro que vou montar equipe, mas é o governador quem decide, quem dá a linha da Secretaria. Acreditar que se vá ter autonomia total seria uma petulância. Tudo será discutido em conjunto com o governador?, reafirmou. Contudo, acredita Vargas, a escolha do diretor-geral deveria passar pelo crivo do secretário.

Vargas lembrou também que a composição entre o PT e o PMDB é institucional e não passa pela relação de cargos. Segundo ele, o PT não quer disputar espaço com ninguém e que houve interesse do PMDB de que os partidos estivessem efetivamente juntos. De acordo com o deputado, a aliança entre os partidos não tem porque causar constrangimentos.

Vargas disse achar normal que haja algum tipo de disputa interna no PMDB e, caso não fosse nomeado para a Secretaria, o fato não criaria dificuldades entre os partidos. O secretário-chefe da Casa Civil, Rafael Iatauro, afirmou ontem que Vargas e Requião ficaram de se reunir nesta semana para continuar as conversas sobre secretariado.

Vargas disse ainda que relação com o governo do Estado está boa e que o mais importante é a política comum dos dois partidos. Segundo ele, não há preocupação em relação ao cargo de secretário do Trabalho. ?No momento, a prioridade geral do PT é a eleição do Arlindo (Chinaglia) como presidente da Câmara?, lembrou.

Descontentes

O deputado afirmou que também teve conhecimento de cópia impressa de email que estaria sendo distribuído entre chefes de núcleos regionais da Secretaria do Trabalho e que considerou deselegante a possibilidade de uma reação conjunta deles. ?Eles quererem se manter nos cargos é normal. Mas acredito que o governador não vai permitir um levante no seu governo?, declarou. O email a que Vargas se refere também foi recebido pela Redação de O Estado e nele consta que os chefes de núcleos regionais pretendiam realizar uma reunião com o secretário da Casa Civil a fim de que fosse discutida a permanência de Nerone como secretário de Trabalho, assim como a deles próprios nos respectivos núcleos regionais.

No sábado, a reportagem entrou em contato com Iatauro, que afirmou que não havia sido procurado por nenhuma liderança do PMDB, mas se fosse pedido um encontro com os chefes de núcleos regionais, ele irá recebê-los. Porém, na ocasião Iatauro lembrou que Requião não aceita esse tipo de pressão. Conforme informações já veiculadas em O Estado pelo colunista Fábio Campana, há peemedebistas descontentes com a indicação de Walter Bianchini (PT) para a Secretaria da Agricultura e Vargas para a Secretaria do Trabalho.

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