Urnas biométricas apresentam problemas em Mato Grosso do Sul

Novidade na eleição deste ano, a urna biométrica foi usada nos municípios de Fátima do Sul (MS), Colorado do Oeste (RO) e São João Batista (SC). Com média de 15 mil eleitores, essas cidades foram escolhidas para usar pela primeira vez o sistema que, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), poderá ser estendido para todo o País em, no máximo, oito anos. Em pelo menos um dos casos, em Fátima do Sul (MS), o teste não teve o resultado esperado. A votação foi marcada pela lentidão no registro dos votos e pelo constrangimento dos eleitores. Cerca de 30% dos que votaram até o início da tarde de domingo não foram reconhecidos pelas urnas. Com a urna biométrica, o eleitor é identificado pela digital, o que impede que uma pessoa vote no lugar de outra.

Cada eleitor da cidade sul-mato-grossense gastou, em média, 1 minuto e 40 segundos para votar, quando o tempo esperado era de 40 segundos. A juíza eleitoral da cidade, que fica a 243 quilômetros de Campo Grande, Ana Carolina Borges da Silva, disse que “não foi por falta de orientação”. Para o chefe do cartório eleitoral, Flávio Alexandre Martins Nichiku, a demora foi causada por causa do reconhecimento biométrico de alguns eleitores, que tiveram de voltar aos mesários e votar pelo sistema convencional. Nichiku explicou que desde o início do ano quando foram recolhidas as impressões digitais dos dez dedos das mãos de cada votante, a textura da pele foi alterada, principalmente dos trabalhadores braçais.

O equipamento é bastante sensível, e qualquer alteração na pele compromete a leitura das digitais, mesmo contendo os traços de todos os dedos das mãos, conforme ocorreu com vários trabalhadores rurais, alguns deles com ferimentos em dois e até três dedos. Também o clima frio e chuvoso colaborou no estreitamento das linhas digitais, impedindo o reconhecimento do eleitor. As reclamações dos eleitores foram ouvidas pelo chefe do cartório, que percorreu todas as urnas em que votam 14.038 pessoas.

A votação biométrica, porém, mostrou algumas vantagens em relação às urnas comuns, entre elas evitar constrangimentos de analfabetos, que não precisam mais colocar a impressão digital do polegar direito na ficha de votação, diante dos mesários. O presidente do TSE, Carlos Ayres Britto, elogiou o desempenho das urnas. Segundo ele, houve 0,01% de não reconhecimento de digitais, fato justificado pelas urnas estarem em regiões com maior chance de as pessoas terem digitais modificadas no trabalho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.