Após tomar café da manhã ontem, em Curitiba, com o senador Osmar Dias, o pré-candidato do PDT à Presidência da República, senador Cristóvam Buarque, disse ter saído do encontro com a impressão de que o pedetista paranaense está pronto para concorrer ao governo, independente da decisão da convenção nacional do partido, marcada para o próximo dia 19.
Segundo Cristóvam, a única pendência para a candidatura de Osmar é médica. ?Ele não me disse. Mas a minha sensação é que ele está esperando que o médico diga que ele poderá andar pelo Paraná inteiro. Acho que passado o teste da saúde, ele vai?, afirmou Cristóvam, que não pensa em retirar sua pré-candidatura à sucessão presidencial.
Cristóvam esteve no apartamento de Osmar, que se recupera de uma cirurgia de extração das veias safenas das pernas. O senador paranaense tem condicionado à continuidade de seu projeto de concorrer ao governo ao não-lançamento de candidato à presidência da República, para que possa fazer uma aliança com o PSDB e PFL no Paraná. Mas Cristóvam afirmou que a maioria dos 26 estados é favorável à tese da candidatura própria na sucessão presidencial.
O pré-candidato a presidente acha que o partido deve levar em consideração a posição do senador paranaense, que avisou ontem que irá votar contra a sua candidatura a presidente. ?Ele me disse que vai manifestar essa preferência. E do ponto de vista dele, tem razão. Ele é um dos melhores quadros do partido e o Paraná é o Estado onde nós temos mais chances de ganhar. Mas como é que nós vamos abrir mão de participar da sucessão e mostrar nosso projeto e nos reafirmarmos nacionalmente??, ponderou o pré-candidato a presidente.
Sem acordo
Cristóvam afirmou que o PDT tem um espaço a ocupar nesta eleição presidencial porque considera semelhantes as posições e políticas governamentais do PSDB e PT. ?As candidaturas principais são iguais. Não haverá debate, mas disputa. São coisas diferentes. Dois boxeadores não debatem. Vão apenas discutir quem teve mais ou menos implicações de ordem moral. Não vão propor uma dobra de rumo do Brasil?, atacou.
O senador do Distrito Federal considera quase impossível o PDT fazer uma aliança com o PSDB e o PT nessa campanha eleitoral. Ele disse que apenas conversou com o senador Álvaro Dias (PSDB) sobre essa possibilidade, mas não vê chances de esse diálogo prosperar. ?Com todo o respeito que eu tenho por algumas personalidades do PSDB, o PDT dificilmente irá adotar uma alternativa deste tipo?, afirmou o pré-candidato. O mesmo vale para o PT, acrescentou. Segundo ele, a aliança buscada agora pelo presidente da República é apenas ?um golpe? para consolidar sua candidatura à reeleição.
O fracasso da tentativa de acordo com o PPS e o PV – o PPS sinaliza apoio a Geraldo Alckmin e o PV vai ficar livre – deixou o PDT sozinho com sua candidatura a presidente. Para Cristóvam, não há problemas. ?Nós até voltamos a conversar com o PPS, mas se tivermos que ir sozinhos, vamos?, disse.
O senador do Distrito Federal afirmou que o conjunto do partido acredita que não se pode jogar fora quatro minutos a que o PDT tem direito no horário eleitoral. Tempo que o partido perde e que será distribuído entre outras siglas se não lançar candidato a presidente. ?Este é o caminho para o partido ter um projeto nacional unificador. Mas o que prevalecerá será a decisão do conjunto do partido?, afirmou.