O líder da bancada estadual do PSDB, deputado Ademar Traiano, pediu ontem a renúncia do procurador Sérgio Botto de Lacerda dos cargos de presidente dos Conselhos de Administração da Elejor (Centrais Elétricas do Rio Jordão) e da ParanaPrevidência, o fundo de pensão e aposentadoria dos servidores públicos estaduais. Traiano disse que Botto de Lacerda está sob suspeita, ao declarar, em carta enviada ao colunista Celso Nascimento, do jornal Gazeta do Povo, que recusou proposta do Consórcio Dominó para atuar como advogado do grupo.
Sócio minoritário da estatal, o grupo Dominó briga na Justiça com o governo do Estado para recuperar seu espaço no controle da empresa. Traiano disse que Botto de Lacerda jamais poderia ter admitido a possibilidade de trabalhar para o consórcio já que foi presidente do Conselho de Administração da Sanepar e sempre defendeu os interesses do governo do Estado no conflito. O consórcio é formado pela empresa Sanedo, construtora Andrade Gutierrez e Daleth Participações. A Copel também dispõe de 15% das ações.
O líder da bancada do PSDB disse que a resposta de Botto de Lacerda foi a confissão de uma irregularidade. Na carta, o procurador afirmou que recusou a proposta e mencionou o valor insuficiente dos honorários oferecidos. ?Ele está agindo de forma duvidosa. Ninguém pode servir a dois senhores ao mesmo tempo?, afirmou o deputado tucano. Para Traiano, o procurador pode ser acusado de ?patrocínio infiel de causas?, crime previsto no artigo 355, do Código Penal e de ter desrespeitado o Código de Ética dos advogados.
Vítima
Na carta, o procurador revela que foi procurado pelo diretor de uma das empresas que compõem o consórcio, para que ajudasse numa reaproximação com o governo do Estado, durante o período de oito meses em que esteve fora do governo. O procurador afirma que fez os contatos solicitados. E afirma que está sendo vítima de uma nova investida de desafetos internos do governo.
O procurador disse a O Estado que não pretendia ?bater boca? com um deputado ?desqualificado? e que da mesma forma que o deputado estava pedindo sua saída do governo, ele também poderia pedir a Traiano que renuncie ao mandato. O procurador afirmou que sua posição já está expressa na carta que enviou ao jornal.