Tony no banco dos réus por crime do colarinho branco

Terminaram as “férias” de Antônio Celso Garcia, o Tony Garcia. Ele terá de voltar a sentar no banco dos réus e responder às denúncias de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, cometidos quando era dono do Consórcio Nacional Garibaldi.

O processo volta a caminhar na Segunda Vara Federal Criminal de Curitiba, onde ficou paralisado desde agosto de 2002, em virtude de liminar concedida em habeas corpus pelo então ministro Vicente Leal, posteriormente afastado do Superior Tribunal de Justiça, do qual acabou se aposentando.

A Sexta Turma do STJ acaba de negar no mérito, por unanimidade, o habeas corpus, cassando a liminar, nos termos do voto do ministro relator Paulo Gallotti. Os demais magistrados da Turma ministros Paulo Medina, Nilson Naves e Hamilton Carvalhido acompanharam o voto do relator, em sessão realizada no último dia 24. No dia seguinte, o Superior Tribunal comunicou o resultado do julgamento ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (Porto Alegre) e à 2.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, especializada em crimes de colarinho branco e evasão de divisas.

40 milhões

Tony Garcia e mais dois dirigentes do consórcio foram denunciados pelo Ministério Público Federal por uma série de fraudes praticadas contra clientes e contra o Sistema Financeiro Nacional. Na época, o rombo estimado foi de R$ 40.102.925,41, valor que consta da denúncia acolhida pela Justiça Federal de Curitiba. Como era deputado estadual, Tony teve o privilégio de passar a responder perante o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, com sede em Porto Alegre. O TRF pediu autorização à Assembléia Legislativa do Paraná para dar curso ao processo, mas a AL não chegou a apreciar o pedido. Com a promulgação da Emenda Constitucional 35/2001, entretanto, a ação começou a tramitar, agora na vara criminal federal especializada em Curitiba, até que o então ministro Vicente Leal concedeu liminar em habeas corpus, trancando o prosseguimento da ação, até o julgamento do mérito. E este foi analisado pela Sexta Turma do STJ, que negou o habeas corpus e suspendeu a liminar.

Outros processos envolvendo o consórcio continuaram tramitando (inclusive um, que tem a própria mulher de Tony Garcia como denunciada). A 2.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, especializada em crimes de lavagem de dinheiro e contra o Sistema Financeiro Nacional, julgou, em janeiro e fevereiro últimos, onze ações penais contra ex-empregados ou pessoas ligadas aos dirigentes do Consórcio Garibaldi, condenando nove denunciados a penas de reclusão, substituídas por penas alternativas. No início deste mês de junho, a mesma vara criminal federal recebeu nova denúncia do Ministério Público, desta vez contra Sérgio Amílcar de Aguiar Maia, que teria atuado como gestor do consórcio, como superintendente de todo o grupo empresarial capitaneado por Tony Garcia.

Três nomes diferentes em uma mesma pessoa

Antônio Celso Garcia ou Tony Garcia ou Anthony Garibaldi. Três nomes, a mesma pessoa. Tony ele adotou ao retornar ao Brasil, depois de uma temporada nos Estados Unidos. Anthony Garibaldi era o nome que usava nos EUA. Ele e o irmão Marco Antônio resolveram trocar o Garcia por Garibaldi para fugir da discriminação contra mexicanos e seus descendentes, muito forte na Califórnia, em especial na região de Los Angeles, onde os dois foram tentar a vida, no início dos anos 80.

Voltando ao Brasil, Tony Garibaldi preferiu trocar São Paulo, sua terra natal, por Curitiba, Nos primeiros tempos, dividiu apartamento com um jornalista e começou a namorar uma das filhas do então governador Ney Braga, Nice Maria. Passou a viver com ela, nascendo um filho, que recebeu o nome do tio “americano”, Marco Antônio.

Valtec

Com a ajuda do sogro, conseguiu emprego numa agência de publicidade de Curitiba, onde atendia a conta do governo do Estado. Em seguida, ingressou na Valtec – Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários, tendo como sócio Newton Coutinho Filho. A Valtec quebrou em 1984 e o Banco Central tornou indisponíveis os bens dos dois sócios. Tony Garcia acabou recebendo a pena de inabilitação permanente para o exercício de cargos de direção na administração ou gerência de instituições na área de fiscalização do BC.

Tony recorreu e a punição acabou reduzida de permanente para oito anos. Suspensa a intervenção do BC, bens da Valtec foram comprados por Antônio Eduardo de Souza Albertini, que viria, mais tarde, a ser o comprador do prédio que serviu de sede do Consórcio Nacional Garibaldi. O consórcio nasceu meses depois da intervenção do BC na Valtec.

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