Eleições 2014

Tomazini diz que fará um governo para os trabalhadores

O candidato ao governo do Paraná Rodrigo Tomazini (PSTU) concedeu uma entrevista exclusiva, nesta terça-feira (26), ao Paraná Online. Ele apontou propostas, como estatização de alguns setores da economia paranaense e redução da jornada de trabalho.

Pron: A indústria é uma das principais fontes de recursos para o Estado. O que o candidato fará para esse setor?

Tomazini: A indústria está sendo blindada e acariciada pelo governo com as isenções de impostos. O grande problema é que essas empresas possuem donos, e eles estão lucrando muito neste período. Tem que ser um programa transitório, não dá para fazer tudo de uma vez só. Se a empresa tiver demitindo funcionários, vamos estatizar. Por que o BNDES não investe em indústrias estatais? Por que investe em empresas de quatro, cinco donos, que vão mandar remessas de lucro para o exterior? O governo tem que ser dos trabalhadores. Ou seja, eles têm que participar dos conselhos de gestão das indústrias.

Pron: Já que o PSTU propõe um governo para os trabalhadores, quais são as propostas para eles?

Tomazini: Redução da jornada de trabalho para 36 horas, até para gerar mais empregos e o fim do banco de horas. O problema do banco de horas é que é um trabalho não pago. Vou dar um exemplo: na Vale, com seis horas de trabalho já se paga os salários de todos os trabalhadores. O resto vai para o patrão. Dinheiro tem muito, mas o problema é que quem ganha a eleição é financiado pelos patrões, fazendo com que se governe para eles.

Pron: Então o senhor é a favor do financiamento público de campanha?

Tomazini: Sim, iria ter igualdade entre os partidos. Acho que a gente perde muito mais dinheiro com o financiamento privado, porque depois se governa para meia-dúzia. A gente gasta um pouquinho, mas não tem a troca de favores. É muito além disso, tem a questão do tempo de tevê e rádio. Nosso candidato a presidente tem 50 segundos, enquanto a Dilma tem 13 minutos. Então, o trabalhador que vai votar tem o direito de saber quem são os candidatos.

Pron: O senhor é a favor da legalização da maconha. Segundo uma pesquisa do Datafolha de 2009, 52% dos jovens iniciam a dependência química através da maconha. O candidato vai fazer casas de reabilitação públicas para quem quer se livrar do vício. Isso não é controverso?

Tomazini: Acho que o jovem entra no mundo das drogas porque as drogas estão aí. Entre aspas é proibido, pois se encontra em qualquer esquina. A curiosidade faz com o que o jovem experimente. O álcool é uma porta de entrada e é uma forma de extrapolar o machismo na sociedade. Temos experiências como o Uruguai e alguns estados dos Estados Unidos, que dá para usar como base.

Pron: Mas essa questão da descriminalização das drogas não seria só em esfera nacional, já que o estado do Paraná não tem autonomia sobre isso?

Tomazini: Nós do PSTU colocamos no programa nacional. Nós vemos que não é só o governo ter vontade de fazer, mas sim a população entender e quere que isso aconteça. Temos que mostrar que a solução não é armar a polícia, pois essa é uma guerra perdida. Mas para isso, devemos ter o debate entre os estados. Isso não é incentivar o uso de drogas, mas sim, resolver um problema que está matando a juventude.

Pron: O candidato falou de machismo. Como defender as mulheres?

Tomazini: A Lei Maria da Penha tem que ser aplicada e os investimentos têm que ser altos. A mulher apanha e é obrigada a ficar em casa, porque muitas vezes é desempregada e depende do marido. Muitas vezes, a cidade não tem Delegacia da Mulher, a esposa apanha do marido que encheu a cara, ela vai denunciar numa delegacia normal e é induzida ,a retirar a denúncia. E a mulher sofre com dupla, tripla jornada de trabalho, já que muitas vezes tem que cuidar da casa. Nós temos propostas de lavanderias públicas, restaurantes populares e um grande plano de educação sexual. Nós achamos que a mulher tem direito sobre o corpo, então defendemos o aborto em qualquer circunstância, com acompanhamento psicológico. Não vamos implementar o “Bolsa Estupro”.

Pron: Como o senhor pode garantir a governabilidade, já que o PSTU é um partido que não tem tanta representação?

Tomazini: Eu entendo que num país onde você tem miséria, desigualdade social, pobreza, fome, mortes das mais bestas possíveis, já existe uma falta de governabilidade aí. Nós entendemos que a governabilidade só é possível quando a classe trabalhadora e os estudantes fizerem parte de todo o sistema público e político do Estado.

Pron: O candidato quer estatizar a educação privada. Isso se prolongará às universidades?

Tomazini: Primeiro nós vamos resolver o problema da educação pública. Nós não concordamos que o governo passe o dinheiro do trabalhador para as instituições privadas, através de redução de impostos com programas de inclusão como o ProUni. Esse dinheiro deve ser investido na universidade pública. Nós entendemos que a educação não é mercadoria. Ela é um direito.

Pron: Mas os pais que têm condições financeiras não têm o direito de escolher a forma de educação dos seus filhos?

Tomazini: As universidades particulares são piores que as públicas. Nós vemos no ranking da Capes que o índice de pesquisa nas instituições particulares é bem menor. Existe uma falta de investimentos tanto na educação básica, como nas universidades.

Pron: O que o senhor pretende fazer para o sistema prisional?

Tomazini: Precisamos entender primeiro as reivindicações dos presos. Existe o problema da superlotação. Primeiro, precisamos fazer uma força tarefa para ver quem já pode sair da cadeia. Nós entendemos que temos que aproximar a polícia da população, que não queira criminalizar, mas sim resolver o problema. Porque hoje é a juventude que está indo para a cadeia. Hoje, 70% dos presos são de 18 a 34 anos, ou seja, jovens.

Pron: O que fazer para a juventude?

Tomazini: Dar acesso à cultura, lazer, educação em tempo integral. Ou seja, dar perspectiva à juventude, porque ela não merece sofrer da forma que ela está sofrendo nas periferias.

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