A uma semana do início da votação na Câmara dos Deputados da reforma do Código Florestal, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) ainda não apresentou o texto que levará aos colegas. “Eu não sei ainda o que vou propor, estamos fazendo o vestido de noiva, não estamos comprando feito”, insistiu o relator da reforma do Código Florestal, que já aceitou mudar parte do relatório aprovado no ano passado em comissão especial da Câmara.

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Reunião hoje no gabinete do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), com a presença de quatro ministros, terminou aos gritos. Foi quando o líder do PT, Paulo Teixeira (SP), disse que não votaria nenhum texto que não fosse tornado público com antecedência. Com isso, a votação teria de ser adiada em uma semana. “Ele não quer votar o Código Florestal”, reagiu o relator, logo depois.

A reunião terminou no início da noite com uma lista de vários pontos de consenso e uma grande incerteza, sobre a dispensa da obrigação de manter a vegetação nativa nas áreas até quatro módulos fiscais nas propriedades rurais.

O deputado Aldo Rebelo esquivou-se de dizer se levará ao plenário a proposta de liberar produtores rurais de recuperar a vegetação nativa nas parcelas até quatro módulos fiscais, medida que varia de 20 hectares a 400 hectares. Ao Grupo Estado, na semana passada, ele disse que o resultado sairia de disputa de votos em plenário.

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Esse é o principal ponto de divergência entre o relator e o governo, segundo levantamento discutido hoje na reunião. O levantamento foi levado à Câmara pelo ministro Luiz Sérgio (Relações Institucionais). Levantamentos informais no Congresso indicam uma votação apertada.

O resumo apresentado por Luiz Sérgio também menciona que o governo aceitou a proposta do deputado que permite a recomposição da reserva legal da propriedade com espécies exóticas em até metade da área de vegetação nativa desmatada. E considera ponto de acordo o prazo de um ano para os proprietários rurais aderirem ao programa de regularização ambiental dos imóveis. Quem desmatou de acordo com a legislação da época não será considerado ilegal.

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“O texto não será nem ambientalista nem ruralista, será um compromisso com a produção e a preservação ambiental”, limitou-se a dizer Aldo Rebelo, mantendo indefinida a posição que levará ao plenário.

O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), reafirmou que o governo fechou posição a favor da exigência de reserva legal entre 20% e 80% em todas as propriedades rurais do País. Mas evitou falar sobre a possibilidade de vetos caso a proposta de Aldo Rebelo seja aprovada em plenário e confirmada pelo Senado: “É cedo para falar em veto, mas o governo tem uma posição fechada”.

Em outubro do ano passado, durante a campanha eleitoral, Dilma Rousseff se comprometeu em carta a vetar algumas possíveis mudanças no Código Florestal. “Expresso meu acordo com o veto a propostas que reduzam as áreas de reserva legal e de preservação permanente, embora seja necessário inovar em relação à legislação em vigor”, escreveu a candidata, quando buscava apoio dos que votaram em Marina Silva, do PV, no primeiro turno da eleição ao Planalto.