Com votação unânime nesta terça-feira (30), os vereadores de Curitiba tornaram obrigatória a realização de dois exames clínicos para diagnóstico precoce do autismo. “Quando o Transtorno do Espectro Autista [TEA] é identificado antes dos três anos de idade, e com a correta intervenção, a melhora das habilidades sociais pode chegar a 80%”, justificou o autor da proposição.

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Os procedimentos clínicos que serão incluídos no Código de Saúde de Curitiba são feitos no acompanhamento das crianças, do nascimento aos 36 meses de idade, por profissionais especializados. O primeiro deles chama-se Indicadores Clínicos de Risco para o Desenvolvimento Infantil (IRDI), que avalia 31 quesitos na relação entre bebê e cuidador nos primeiros 18 meses de vida. O segundo, conhecido como M-Chat (sigla em inglês para Modified Checklist for Autism in Toddlers), é um questionário com 23 perguntas feito aos pais sobre as crianças, de 18 a 36 meses, sobre as habilidades sociais dos filhos.

A proposta é semelhante a outras já aprovadas pelo Legislativo, que incluíram os testes do coraçãozinho, da linguinha e de cariótipo, para diagnóstico da síndrome de Down, por exemplo, no Código de Saúde. Neste caso, a proposta acrescenta o 27º item no artigo 78 do Código de Saúde, que estabelece quais devem ser as ações de saúde da criança no âmbito de Curitiba. “Autismo não é doença”, defendeu o autor, que vê na medida uma forma de dar visibilidade às pessoas com deficiência.

“Foi uma longa caminhada, de mais de um ano, em conversas com as secretarias da Saúde e da Educação, até chegar a esta votação. É um dia especial para a ‘família azul’, que é como se reconhecem pais e mães de pessoas com autismo.” Com 32 votos favoráveis, a matéria retorna ao plenário na quarta-feira (31), para análise em segundo turno. Depois segue para a sanção do prefeito e entra em vigor 60 dias após ser publicada no Diário Oficial do Município.

Transtorno do Espectro Autista

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A organização Autismo e Realidade, citada na justificativa do projeto de lei, define o TEA como “uma condição geral para um grupo de desordens complexas do desenvolvimento do cérebro, antes, durante ou logo após o nascimento. Esses distúrbios se caracterizam pela dificuldade na comunicação social e comportamentos repetitivos”.

Formada por pais e professores especializados, a ONG frisa que, “embora todas as pessoas com TEA partilhem essas dificuldades, o seu estado irá afetá-las com intensidades diferentes”. Assim, essas diferenças podem existir desde o nascimento e serem óbvias para todos; ou podem ser mais sutis e se tornarem mais visíveis ao longo do desenvolvimento”.

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