Dia do Índio

Terena diz que natureza manda o branco ouvir a voz do índio

No momento em que “o mundo está sendo açoitado por nossa mãe terra, o meio ambiente mostra para o branco que ele tem de ouvir a voz do índio”. A advertência foi feita por Marcos Terena, professor da Cátedra Indígena Internacional, durante sessão especial do Senado em homenagem ao Dia do Índio, realizada nesta segunda-feira (18).

Pertencente à tribo Xané, de Mato Grosso do Sul, Terena conclamou os pajés e os demais líderes indígenas a mostrarem a força do patrimônio cultural dos índios.

“O equilíbrio da mãe terra existe por causa da espiritualidade do índio. Quando os ianomâmis cantam, quando os terenas e os xavantes estão tocando seus chocalhos ou dançando com sua borduna, é porque nós estamos conversando com o grande espírito para cuidar da mãe terra, para cuidar dos rios, para cuidar da natureza, dos passarinhos. Tudo isso, pessoal, muitas vezes, o homem branco não compreende. Mas nós temos de continuar perseguindo isso”, declarou.

Referindo-se à próxima Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, prevista para 2012 e já batizada de Rio+20, Terena disse que vai convidar líderes indígenas brasileiros para mostra ao mundo que a sua voz “é forte”.

“Se não for a água dos nossos rios, o mundo não vai sobreviver só com petróleo; se não for a biodiversidade, eles não vão sobreviver só com penicilina. O futuro da modernidade, o futuro do computador, do celular, da tecnologia não será feliz se não ouvir a nossa voz, a voz dos nossos povos, a voz do índio”, alertou.

Terena anunciou também, para 2011, um projeto de jogos dos povos indígenas, para que o estado do Tocantins, terra dos xerente, dos carajás e dos apinajé, receba 1.400 atletas das aldeias.

Ele disse que pretende mostrar ao Ministério do Esporte o que significa Olimpíada Verde: “respeito ao meio ambiente, respeito à natureza – e não ficar criticando aquele que perdeu, mas ajudar aquele que perdeu, porque, no ano que vem, ele pode ganhar também”.

Terena disse que estava participando de um momento histórico: pela primeira vez, o Senado abria as portas de seu Plenário para celebrar o Dia do Índio, com a presença maciça dos próprios indígenas.

“Não podemos nos esquecer disto: no dia 18 de abril de 2011, nós entramos na plenária dos senadores da República. Não entramos como senadores ainda, mas um dia vamos ter senadores indígenas também”, disse.

Um dos oradores da sessão, o senador Paulo Paim (PT-RS) afirmou que, se os brancos e negros tivessem aprendido mais com os índios, não teria havido no país massacres como o ocorrido na escola municipal Tasso da Silveira, no Realengo (RJ), em que um atirador matou 12 estudantes.

“Nós, brancos e negros, temos que aprender muito com os povos indígenas”.