O vice-presidente da República, Michel Temer, endossou o conselho dado ontem pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sua sucessora no Palácio do Planalto, Dilma Rousseff. Temer defendeu que haja um melhor diálogo do Poder Executivo com o Legislativo e que é necessário manter uma relação sólida entre PT e PMDB, em especial com o governo federal.

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“O PMDB tem uma relação muito sólida com o governo federal e é preciso apenas que haja maior diálogo, conversações que são comuns na relação entre o Legislativo e o Executivo”, afirmou, após participar de evento de filiação do ex-governador de São Paulo Luiz Antônio Fleury Filho, na capital paulista.

Dilma procurou Lula ontem para conversar sobre a crise que assola sua administração, sobretudo a instabilidade na base de sustentação política do governo federal no Congresso. O ex-presidente teria aconselhado Dilma a promover mais encontros com deputados e senadores, fazer afagos nos parlamentares e “repactuar a coalizão”. “Eu não usaria a palavra ‘repactuação’, mas é preciso manter muito sólida a relação entre PMDB e PT, com destaque ao governo federal”, avaliou o vice-presidente.

Temer negou que a relação entre as duas legendas esteja estremecida e disse não acreditar que a devassa promovida no Ministério do Turismo, na Operação Voucher, possa levar a retaliações do PMDB no Congresso. “Não há o mal-estar que se imagina”. O vice-presidente considerou que houve “exageros” na ação policial e reconheceu que ficou “chocado” com o uso de algemas na detenção dos suspeitos. “De vez em quando eu ouço dizer que há provas robustas, mas onde estão as provas?”, questionou. “Confesso a vocês que a história das algemas pegou muito mal”, afirmou.

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Temer lembrou que uma súmula do Supremo Tribunal Federal (STF) determina que as algemas só devem ser utilizadas em caso de periculosidade intensa. “Convenhamos, fazer o que fizeram com o ex-deputado Colbert Martins, que tem o apreço de toda Câmara, foi absolutamente desnecessário”, disse. “É esse cuidado que se precisa tomar”, advertiu.