A expectativa era que as queimadas na Amazônia tomassem a maior parte da fala de Jair Bolsonaro na Assembleia-Geral da ONU, mas o tema que dominou o discurso do presidente foi questão indígena no Brasil. Bolsonaro falou em “ambientalismo radical” e “indigenismo ultrapassado” ao ler uma carta atribuída a uma comunidade indígena, e criticou o líder da etnia caiapó cacique Raoni, indicado ao prêmio Nobel da Paz.

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Segundo Bolsonaro, o cacique é “peça de manobra” de governos estrangeiros. “Infelizmente, algumas pessoas, de dentro e de fora do Brasil, apoiadas em ONGs, teimam em tratar e manter nossos índios como verdadeiros homens das cavernas”, disse Bolsonaro.

Acompanhado da indígena Ysani Kalapalo, do Xingu, que se declara uma “indígena do século 21”, Bolsonaro improvisou em relação ao discurso que tinha levado escrito e decretou: “Acabou o monopólio do senhor Raoni”, ao argumentar que Ysani teria poder de representatividade dos povos indígenas por ter sido endossada em carta do Grupo dos Agricultores Indígenas do Brasil, assinada por 52 etnias.

Repúdio

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Líderes indígenas brasileiros que estão em Nova York para acompanhar a marcha contra as mudanças climáticas e a Cúpula do Clima da ONU fizeram uma forte manifestação de repúdio às declarações do presidente. “Hoje foi um dia de terror para os povos indígenas do Brasil e do mundo. Bolsonaro fez um discurso de intolerância e muita truculência. Essa fala será histórica, infelizmente, porque mancha o legado brasileiro nas Nações Unidas”, afirmou Sônia Guajajara, da Terra Indígena Arariboia, no Maranhão, e coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).

Citado por Bolsonaro, o cacique Raoni Metuktire estava previsto para falar com a imprensa nesta terça-feira, 25, mas passou mal e se dirigiu para o aeroporto para retornar ao Brasil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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